Nas contas de balanço de 2022 da CBRE, o volume de investimento no imobiliário comercial português terá ultrapassado os 3.000 milhões de euros, patamar verificado antes da pandemia, fechando o terceiro melhor ano de sempre deste mercado em volume de investimento. O volume de investimento foi especialmente significativo no segundo semestre do ano, muito graças à transação do portfólio Crow, maioritariamente composto por hotéis.
Em comunicado, Francisco Horta e Costa, diretor geral da CBRE Portugal, evidencia que «verificámos um elevado interesse nas operações que lançámos em 2022 e sentimos que os fundamentos do nosso mercado permanecem sólidos. A atividade imobiliária manteve-se muito dinâmica e registaram-se alguns dos negócios mais significativos alguma vez concretizados em Portugal, nomeadamente a primeira transação de uma plataforma de co-living e student housing com a venda da Smart Studios à Round Hill Capital e a maior transação de imobiliário agrícola de sempre no país, tendo ambas as operações sido assessoradas pela CBRE».
Foi destaque este ano a dinâmica da ocupação de escritórios, nomeadamente em Lisboa, que no final do 3º trimestre já tinha ultrapassado o máximo histórico, e deverá ter atingido os 270.000 metros quadrados. No Porto, o desempenho foi também positivo, com a absorção a exceder os 60.000 metros quadrados, o patamar de 2019.
Por outro lado, é de salientar a «dinâmica interessante» do mercado logístico que, no entanto, segundo a CBRE, «continuou muito condicionado pela falta de produto para arrendamento, mantendo-se assim a oferta limitada face à procura latente, gerando assim um volume de absorção próximo dos 300.000 metros quadrados, inferior a 2021».
Ano histórico para a CBRE em Portugal
A CBRE fechou o ano com uma quota de participação de 48% em transações intermediadas. Registou também um aumento do seu volume de negócios de cerca de 30%, um recorde em Portugal, no ano em que foi também galardoada com o prémio Euromoney para melhor consultora imobiliária em Portugal.
Além das linhas de negócio mais tradicionais, a CBRE Portugal «tem apostado numa estratégia de diversificação, tendo desenvolvido áreas como Agribusiness - dedicada à avaliação, e transação de ativos agrícolas - com resultados excecionais em 2022», pode ainda ler-se em comunicado.
Juros vão levar a maior instabilidade em 2023
Traçando uma perspetiva para o ano que agora começa, Francisco Horta e Costa acredita que «o mercado atravessará um período de maior instabilidade, principalmente devido à subida dos juros que já se reflete nos preços de venda, transversalmente a todos os setores». Explica que «em virtude dos juros mais altos, o financiamento fica mais caro e os preços tenderão a ajustar em baixa. Esta situação poderá impactar também alguns promotores imobiliários com excesso de dívida em terrenos, podendo vir a acelerar a venda dos mesmos».
Nos imóveis de rendimento, «as ‘yields’ já estão a ser corrigidas em alta e é possível que ainda sofram um ligeiro aumento adicional se a tendência de subida dos juros se mantiver». Por outro lado, «é possível que haja uma subida das rendas prime de escritórios e logística, devido à escassez de produto e também tendo em conta a localização e diferenciação de alguns projetos», prevê o responsável.