Investidores “não saíram nem se desinteressaram por Portugal”

Investidores “não saíram nem se desinteressaram por Portugal”

Pedro Rebelo de Sousa, Managing Partner da SRS Advogados, partilhou com a VI no Conversas Diárias – Especial Covid-19 que «os investidores estrangeiros não saíram de Portugal», e que vai jogar a favor do país a boa gestão da pandemia, em termos comparativos. Por outro lado, «”small is beautiful”, e somos um mercado mais previsível em certos aspetos».

Esses investidores «estão agora a tentar segurar algumas decisões para um momento posterior, para ver se não há correção de preço. Sejam espaços comerciais, de escritórios, estão num compasso de espera para ver o que acontece», refere o responsável.

Segundo Pedro Rebelo de Sousa, o mercado residencial não está tanto na mira destes investidores como o segmento comercial, numa altura em que também considera ser «inevitável que o mercado de arrendamento sofra uma correção» dado o «período difícil que atravessa o alojamento local».

Resta perceber «se o teletrabalho vai motivar as grandes empresas a reduzir drasticamente a sua área». Acredita que não, e que «a correção não será nem imediata nem radical. Há muita coisa que não vai prescindir da presença física. Haverá racionalização do uso das instalações, mas isso não significa que haja uma crise no mercado que o coloque em causa. Tudo depende também do investimento estrangeiro».

Está convicto de que «o mundo da globalização vai sofrer um redireccionamento para uma regionalização, e nesse exercício Portugal pode ter as infraestruturas certas. Isto pode ser positivo, mas que isto aconteça temos de pensar o que podemos fazer para que aconteça melhor».

 

Revisitar os “vistos gold”, acelerar a desburocratização

Pedro Rebelo de Sousa considera que urge «revisitar os “golden visa”. Conseguimos ter espaço para acomodar este regime e o dos Residentes Não Habituais, que trazem gente que mostrou ter compromissos com o país, consumo, investimento».

Por outro lado, e para que a retoma seja mais bem-sucedida, considera que há que «aproveitar isto para dar mais celeridade aos processos de licenciamento e desburocratizar os nossos sistemas. É disso que os investidores mais se queixam». Defende também medidas de alívio fiscal, nomeadamente na construção, «para que o imobiliário não sufoque».