“O momento económico e perspetivas do mercado imobiliário em Portugal” deu mote ao mais recente Almoço-Conferência da Vida Imobiliária. Lisboa é o “european hot spot” atualmente, e é uma cidade «atrativa, nomeadamente no segmento prime», comentou Hugo Moreira, Managing Director da Värde Partners, um dos oradores deste encontro. Este responsável acredita que «o fim de ciclo vai trazer abrandamentos», mas que «o investimento core está para ficar, e é o oportunístico que está de saída. Esta é a altura certa para vender ativos que estejam prontos, e de pensar no próximo comprador», advertiu. Os escritórios continuam a fazer falta, mas a construção especulativa «é ainda uma miragem», acredita.
Apesar de estes investidores de oportunidade estarem a sair do país, Lisboa mantém a sua dinâmica e o Porto «está no mapa», diz o responsável, que prevê que os volumes de investimento diminuam nos próximos anos, «o que é normal, 2018 foi a exceção».
Em fase de fim de ciclo, o mercado das residências de estudantes será uma das mais fortes apostas, numa altura em que «há um grande esforço de atração de estudantes estrangeiros, e é um setor pouco relacionado com a economia, por isso pode ser um bom porto seguro».
Economia continua a dar confiança ao investimento
José Brandão de Brito, Chief Economist do Millennium bcp, foi também orador deste almoço. Fazendo um breve enquadramento económico deste momento imobiliário, salientou que a economia global vai continuar a abrandar este ano, numa altura em que o crédito cresce de uma forma moderada, com o dólar a apreciar-se face ao euro. Apesar disso, o início deste ano foi um dos melhores de sempre para a economia europeia.
E, em Portugal, a economia recupera sustentadamente desde 2014, o que dá confiança a um investimento que continua a crescer acima do PIB. «As empresas menos endividadas são aquelas que mais investem, e isso é muito positivo», salientou.
Mais recentemente, «os preços do imobiliário subiram muito», e «temos de pensar para onde vamos: para mais compra de casa própria? Mais arrendamento? Para um travão nos preços?». E salienta que «dita a teoria económica que a procura abrande, e os dados do INE mostram que os preços já estão a abrandar», negando uma bolha imobiliária. Também Hugo Moreira pede cautela no mercado residencial, e que os operadores tenham em conta o poder de compra do mercado.
Setor acredita que crescimento se vai manter em 2019
Neste encontro, foi colocado um questionário anónimo, respondido por 75 convidados. 60% considera que os seus negócios serão melhores em 2019 face a 2018, e 31% considera que a dinâmica será igual à do ano passado.
Os respondentes apostam primeiramente no setor dos escritórios. Este será o setor do imobiliário que mais investimento deverá atrair em 2019, seguido de perto pela habitação e pelo turismo. O comércio motivará menos investimento, a par de “outros”.
Por outro lado, a expetativa de abrandamento fica patente na questão relativa a 2020. 58% dos respondentes acredita que o nível de atividade do seu negócio será igual ao de 2019, e 29% acredita que será melhor.
Os Almoços-Conferência da Vida Imobiliária são coorganizados com a ULI e contam com o patrocínio da CBRE, S+ Elevadores, Grupo SIL, Uría Menéndez Proença de Carvalho, Millennium bcp e o apoio da InterContinental, Santos da Casa e Luz e Som.