Nos primeiros seis meses deste ano, os estrangeiros investiram 464 milhões de euros na compra de 800 imóveis residenciais na Área de Reabilitação Urbana (ARU) de Lisboa, mantendo os seus níveis de atividade estáveis face à média semestral de 456 milhões de euros e 790 imóveis observada em 2023.
Isto significa que o fim dos regimes de incentivo ao investimento estrangeiro não afetou os fluxos de compras internacionais em Lisboa, sendo ainda de notar que o ticket médio de investimento se manteve igualmente estabilizado, atingindo neste semestre os €582,7 mil por operação.
Os dados são revelados pela Confidencial Imobiliário, considerando aquisições de habitação realizadas por compradores particulares no perímetro da Área de Reabilitação Urbana de Lisboa, a qual abrange 21 das 24 freguesias do concelho (excluem-se Santa Clara, Lumiar e Parque das Nações).
Apesar de o investimento estrangeiro em habitação se ter mantido estável, esta franja da procura perdeu uma parte da sua fatia de mercado, passando de 41% do montante em 2023 para 31% no 1º semestre de 2024. Em número de operações, a quota passou de 33% para 28%, respetivamente. Trata-se da menor representatividade em cinco anos e fica a dever-se à forte recuperação do investimento doméstico.
Depois de, em 2023, terem caído 14% em montante e 23% em número de operações, as compras de habitação realizadas por portugueses cresceram 55% e 31%, respetivamente, neste semestre face à média semestral de 2023. Assim, os portugueses adquiriram 2.070 imóveis residenciais no 1º semestre deste ano, perfazendo 1.015 milhões de euros, o que significa fazerem atualmente 72% do mercado em número de operações e 69% em montante.
Ao mesmo tempo também reforçaram em 19% o seu ticket médio de investimento, para 490,4 mil euros, ao passo que os estrangeiros o mantiveram estável, daí decorrendo um desagravamento relevante do gap entre a capacidade de investimento de cada um dos segmentos. Se nos últimos anos, os estrangeiros, investiam, em média mais 40% a 45% por operação que os portugueses, no 1º semestre deste ano essa diferença passou a ser de 19%.
Franceses lideram, mas brasileiros cresceram mais
De acordo com a Confidencial Imobiliário, as compras foram realizadas por investidores de 58 países, liderados pelos franceses, que assumiram 12% das operações entre estrangeiros (95 imóveis) e de 15% no montante (67,8 milhões de euros), destronando os norte-americanos, que em 2023 emergiram como o principal mercado emissor.
Os franceses investiram +16% do que a média semestral de 2023, ao passo que os norte-americanos reduziram o investimento em 11%, perdendo quota relativamente ao ano passado e agregando no semestre em análise 13% do montante internacional e 12% em número de imóveis. Os brasileiros surgem na 3ª posição, com os mesmos 13% de capital que os norte-americanos, após uma aceleração significativa face 2023. Estes compradores investiram 61,4 milhões de euros em habitação no 1º semestre deste ano, duplicando face aos 27,8 milhões de euros aplicados por semestre em 2023.
Os britânicos e os alemães completam o top 5 de internacionais com maior volume de capital aplicado (quotas de 7% e 5%, respetivamente), perdendo dinâmica face a 2023 (quedas na ordem dos 39%). Já em número de operações, depois de franceses e norte-americanos, são os brasileiros, britânicos e os chineses os mais ativos, com quotas de 10%, 8% e 6%, respetivamente.
As freguesias mais procurados pelos estrangeiros são a Misericórdia, a Estrela, São Vicente, Avenidas Novas e Santo António, com quotas de 14% a 10% do montante internacional aplicado na compra de habitação no 1º semestre (correspondentes a montantes de 45 a 66 milhões de euros). Contudo, são as freguesias com menor expressão neste mapa que mais cresceram na captação de investimento.
Mantendo quotas de 1% a 2% do investimento estrangeiro (o que significa não chegar a somar 10,0 milhões de euros), Alvalade, São Domingos de Benfica, Beato e Ajuda duplicaram o capital investido face à média semestral de 2023. Destaque para São Vicente que, a par destes territórios mais emergentes, também disparou no mapa internacional, captando em seis meses, mais do que todo o ano passado (55,9 milhões de euros vs 34,6 milhões de euros).