A Avenue entra confiante em 2021, e prepara-se para uma nova fase de investimento, que deverá rondar os mais de 300 milhões de euros.Sem indicar montantes de investimento específicos para 2021, em entrevista à VI, Aniceto Viegas, Diretor Geral da Avenue, avança um «investimento adicional de 150 milhões de euros de capitais próprios par o triénio 2021-2023, ao qual devemos acrescentar a componente do financiamento bancário que será contratado e que será, no mínimo, equivalente aos capitais próprios».A estratégia da Avenue continua a passar pela promoção do segmento residencial médio-alto. Neste momento, a promotora está a trabalhar em dois novos projetos em Lisboa, cada um com investimentos na ordem dos 50 milhões de euros, e admite «estudar possibilidades no Porto».Em breve, ainda no primeiro semestre deste ano, a Avenue prepara-se para lançar comercialmente os projetos Vila Infante, em Lisboa, e Bonjardim, no Porto, bem como do 5º Porto em abril. No seu conjunto, representam 280 novos apartamentos. E Aniceto Viegas promete «mais novidades até ao final do ano».Desde a sua estreia em Portugal, a Avenue soma 11 projetos em carteira (incluindo o projeto de escritórios Exeo, que é composto por 3 edifícios), num investimento total de mais de 600 milhões de euros. Todos se situam em Lisboa e no Porto, e 70% diz respeito a habitação (com retalho nos pisos térreos), e 30% a escritórios.Segmento médio continua a ser um desafioAniceto Viegas não esconde que o segmento médio continua a ter equações difíceis para os promotores imobiliários, e divide este mercado em segmento médio e médio-alto: «ambos são muito desafiantes, por vários motivos: o preço dos terrenos; os custos de licenciamento (o valor das compensações ou taxas de licenciamento podem elevar-se aos 150 euros por metro quadrado de área bruta de construção acima do solo); os custos de construção e a carga fiscal – o IMT e o IVA».O responsável acredita que «com estas condicionantes, é possível termos habitação para o segmento médio-alto nas cidades de Lisboa e Porto». No entanto, «para o segmento médio, a equação é muito difícil e, por enquanto, é apenas exequível nos arredores dos centros urbanos».Está convicto de que «para que possa existir oferta relevante para a classe média nos centros urbanos, os preços de alguns terrenos deverão ser ajustados e a carga das taxas administrativas e fiscais deve ser também mais reduzida».“Built to rent” é atrativo, “sem dúvida”O segmento de mercado do “built to rent”, ou construção para arrendamento, tem vindo a ser apontado como um dos principais potenciais vencedores do imobiliário em tempo de pandemia e nos próximos anos.Aniceto Viegas acredita que este «é, sem dúvida, um mercado apelativo e que deverá crescer nos próximos anos em Portugal. Já tem um peso significativo em vários países europeus e tem sido uma das classes de ativos mais procuradas, por investidores de médio e longo prazo». Distingue que «a abordagem na conceção do produto, é diferente do produto para venda, essencialmente em termos de áreas e de acabamentos, para oferecer uma renda comportável».E destaca que «existem alguns incentivos interessantes em termos de IMI e IRC, mas apenas para os projetos enquadráveis no Programa de Arrendamento Acessível. O IVA a 23% e não dedutível é um ponto negativo», salienta.Valores do imobiliário deverão estabilizarAniceto Viegas acredita que a pandemia não terá impacto no valor da habitação nova, mas será registada «uma tendência de estabilização, sem o crescimento que registámos nos últimos anos». Os processos de decisão são, hoje, mais lentos, mas os preços ainda não foram afetados, e a procura continua a registar «uma boa performance».Identifica que «o mercado continua com uma carência de fogos novos de cerca de 15.000 a 20.000 unidades por ano em Portugal, ou seja, continuamos a ter uma oferta reduzida. Os preços mais afetados deverão ser dos fogos usados, que dada a falta de fogos novos, tiveram um crescimento importante nos últimos anos e deverão sofrer uma correção nos próximos meses». E lembra que «esta crise também veio reforçar a importância da casa, tanto do ponto de vista pessoal como na perspetiva de refúgio de poupança».Sobre a retoma da economia, considera que esta «está associada ao controle da pandemia e a imunização de grupo das populações, que se prevê que seja atingida a partir da segunda metade deste ano. É unânime que a retoma será também expressiva e os estímulos à economia serão fortes. Neste sentido, acreditamos também numa retoma económica no segundo semestre deste ano e, considerando que a nossa atividade é de médio prazo, esta acabará por não ser muita afetada, podendo inclusivamente ser um dos motores da recuperação económica».