Pedro Lancastre, diretor geral da JLL em Portugal, partilhou com a Lusa que, apesar de a pandemia ter impedido um novo ano recorde, este deverá ser o ano com melhores resultados, depois de 2018 e 2019. As estimativas apontam para um investimento em imobiliário comercial a rondar os 2.700 milhões de euros (3.200 milhões em 2019). Já o segmento residencial pode chegar aos 23.000 milhões de euros transacionados (25.000 milhões em 2019).
De acordo com a consultora, o investimento imobiliário comercial em Portugal recuperou no terceiro trimestre do ano, somando os 619 milhões de euros transacionados, que superam os 90 milhões investidos no segundo trimestre, o primeiro que refletiu os efeitos da pandemia de Covid-19. No acumulado do ano, o volume de investimento soma já os 2.213 milhões de euros, patamar apenas superado na última década pelos dois últimos anos.
Segundo a consultora, o trimestre em causa trimestre foi fortemente impulsionado pela venda do parque de escritórios, Lagoas Park, por 421 milhões de euros, evidenciando-se ainda a venda de um conjunto de lojas Leroy Merlin e de um portefólio de 5 supermercados.
Comentando os números do relatório Market Pulse, Pedro Lancastre explica que «uma recuperação desta magnitude em plena pandemia abre boas perspetivas para a reta final do ano, pois mostra que, apesar das adversidades e da elevada incerteza quanto ao evoluir da situação, os investidores continuam ativos. Por um lado, acreditam nos fundamentais de mercado, mantendo-se interessados nos setores tradicionais, mas onde a atividade ocupacional está naturalmente mais afetada, como é o caso dos escritórios e do retalho, mas também dos hotéis».
Fechado o 3º trimestre, «sabemos que as operações que estavam em curso continuam a decorrer e, a maioria, sem ajustamento de preço. Mantém-se o interesse nos segmentos tradicionais, com alguma cautela acrescida na promoção imobiliária, nos escritórios e, claro, no retalho e hotelaria, ao mesmo tempo que os segmentos alternativos estão com grandes oportunidades. Considerando o pipeline de negócios em desenvolvimento, acreditamos que atividade no 4º trimestre possa ser semelhante à do 3º trimestre».
2021 mais animador
O ano de 2021 apresenta também boas perspetivas para estes negócios. São as transações em pipeline e os sinais de recuperação económica que se começam a sentir que permitem a Pedro Lancastre traçar um cenário mais positivo, que pode superar os números deste ano: «Portugal poderá até ser um dos vencedores em termos de imobiliário em 2021 e anos seguintes», já que é «um país onde as pessoas querem morar, trabalhar e estudar», cita o Expresso.
Para tal, considera que será essencial a estabilidade legislativa. E não deixa de alertar que o regime de “golden visa” deve ser mantido sem as alterações previstas na autorização legislativa do Orçamento do Estado para 2020.
Pedro Lancastre atesta que os preços dos ativos comerciais se mantiveram estáveis ao longo deste ano, e que esta tendência se deverá manter, com eventuais «pressões» limitadas a «zonas mais periféricas ou em cidades secundárias».
Habitação nos centros vai ser mais resistente
Pedro Lancastre identifica uma tendência de estabilização dos preços neste contexto pandémico, e uma «correção em baixa» nos próximos tempos, mas «não nos centros das principais cidades», pelo menos no que toca aos valores de compra e venda.
Já no arrendamento, o cenário será diferente, já que haverá mais oferta no mercado de casas que estavam no alojamento local. Mas o responsável acredita que será uma situação contida no tempo, até que o movimento de turistas regresse.
Atualização às 16h40 de 4 de outubro, com mais informação do relatório Market Pulse