Defesa e energia limpa dinamizam procura por imóveis industriais na Europa

Defesa e energia limpa dinamizam procura por imóveis industriais na Europa
Fotografia de Freepik.

A procura por imóveis industriais em setores estratégicos está a ganhar força, impulsionada pelo esforço do continente em reforçar a defesa, a resiliência económica e a soberania tecnológica, revela o relatório Strategic Sector Signals da Cushman & Wakefield. A crescente procura por imóveis industriais e logísticos vem sobretudo de setores como defesa, tecnologia de energia limpa, materiais críticos e ciências da vida.

O setor da defesa lidera esta expansão, apoiado por investimento público crescente e políticas que privilegiam produtos fabricados na Europa. Segundo a consultora, mais de metade das novas instalações fabris inauguradas desde o início de 2024 correspondem a ampliações de unidades existentes, refletindo a urgência dos investimentos. Outros projetos resultam da adaptação de edifícios ou da construção de raiz, com destaque para os clusters industriais de França, Reino Unido, Alemanha, Itália, Espanha e Suécia.

Para além da construção de novas unidades de produção, há uma necessidade crescente de infraestruturas logísticas que permitam o transporte eficiente de mercadorias dentro e fora da Europa, especialmente ao longo dos principais corredores de transporte e nos grandes portos europeus.

Sally Bruer, diretora de EMEA Logistics & Industrial and Retail Research na Cushman & Wakefield, afirmou que “a escala e a velocidade do investimento na indústria de defesa significam que há necessidades imediatas e crescentes de soluções imobiliárias industriais e logísticas. As estratégias imobiliárias devem levar em consideração o reforço da segurança, o escrutínio regulatório e o controlo de ativos a longo prazo. As ampliações estão a revelar-se o caminho mais rápido para a expansão, mas novas construções e conversões também fazem parte das soluções imobiliárias para o crescimento dos fabricantes”.

A tecnologia de energia limpa está igualmente a impulsionar a procura por espaço industrial na Europa, apoiada por políticas como a Lei da Indústria Net-Zero da UE e o Plano do Setor de Energia Limpa do Reino Unido, indica a Cushman & Wakefield. O foco em áreas como energia solar, eólica e pequenos reatores nucleares modulares está a gerar dinâmicas distintas dentro do setor.

As necessidades imobiliárias vão desde fábricas personalizadas até instalações convencionais para montagem e logística, com as localizações a depender da proximidade a transportes, mão de obra qualificada e clusters industriais existentes. A Alemanha lidera o setor, concentrando metade da capacidade de produção da UE em energia solar e eólica. Já o setor de materiais críticos cresce para responder à procura por recursos estratégicos como níquel, lítio e terras raras, fundamentais para o fabrico de tecnologias avançadas.

As necessidades imobiliárias incluem instalações de produção em conformidade com as Boas Práticas de Fabrico, geralmente ocupadas pelos proprietários, e centros logísticos que cumprem as Boas Práticas de Distribuição, habitualmente arrendados. O investimento deverá continuar a concentrar-se nos clusters industriais já estabelecidos e em corredores logísticos próximos.

Portugal já regista avanços significativos na tecnologia de energia limpa e no aproveitamento de materiais críticos

Segundo Sérgio Nunes, Partner e Diretor de Industrial & Logística na Cushman & Wakefield em Portugal, refere que “Portugal, graças à sua localização geoestratégica e às condições climáticas excecionais, reúne todos os fatores para se afirmar como um ponto estratégico na União Europeia, assumindo um papel central em setores de elevado valor acrescentado. O país já regista avanços significativos na tecnologia de energia limpa e no aproveitamento de materiais críticos, áreas decisivas para a transição energética e para a autonomia estratégica europeia”.