Os preços da habitação estão sobrevalorizados e a tendência de aumento persiste em vários países da União Europeia, como é o caso da Bulgária, Espanha, Letónia, Portugal e Eslovénia, de acordo com o relatório da Comissão Europeia para desequilíbrios macroeconómicos no espaço europeu referente a 2024.
Este sinal de alerta levanta a preocupação de que a evolução dos preços nestes países possa representar um «risco significativo para uma futura correção mais acentuada», especialmente se as condições económicas piorarem, estando os preços da habitação a serem «fortemente sobrevalorizados em Portugal», avisa Bruxelas.
O panorama do mercado imobiliário europeu passou por transformações significativas em 2022: a redução nos preços das casas acelerou ao longo do ano, resultando numa diminuição homóloga de quase 1%. De acordo com a Comissão Europeia, no início de 2023, observou-se uma moderação na correção dos preços das casas. No entanto, apesar da desaceleração, a preocupação persiste, com um crescimento de 19% nos preços das habitações em 2022. Nos últimos trimestres houve uma moderação desse crescimento, todavia os preços mantêm-se elevados.
De acordo com a CE, apesar do crescimento robusto nos últimos anos, «as estimativas sugerem que os preços das habitações estão alinhados com os fundamentos, considerando que, a médio prazo, o aumento considerável nos preços das habitações foi acompanhado por um crescimento proporcional dos rendimentos».
Endividamento das famílias “continua a ser preocupante”
O endividamento das famílias em Portugal, Alemanha, Espanha, Malta, Áustria, Grécia, Itália e Estónia continua a ser motivo de preocupação, com níveis que variam de moderados a elevados. A alta percentagem de empréstimos a taxa variável na Estónia, Malta, Portugal, Áustria e Itália adiciona uma camada de incerteza. A baixa taxa de poupança na Grécia, Estónia e Portugal intensifica a vulnerabilidade financeira.
A médio prazo, oito Estados-Membros da União Europeia encontram-se sob avaliação de enfrentar elevados riscos de sustentabilidade orçamental. Entre eles, destacam-se Bélgica, França, Grécia, Hungria, Itália, Portugal, Eslováquia e Espanha. De acordo com a CE, esta análise levanta sérias preocupações sobre a «capacidade destes países em manterem a sustentabilidade financeira a longo prazo» enfatizando a «necessidade de uma gestão cuidadosa das finanças públicas para evitar complicações económicas mais abrangentes».
Situação financeira portuguesa “está a registar melhorias”
A situação financeira portuguesa está a registar melhorias, salienta Bruxelas, com a redução do rácio da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). As necessidades de financiamento do país estão a diminuir, atingindo um patamar moderado. As previsões do relatório mostram que o saldo público deverá tornar-se positivo em 2023 e manter-se excedentário em 2024 e 2025. Estes indicadores refletem uma tendência positiva na estabilidade das finanças públicas portuguesas nos próximos anos.