Preço global das casas abranda, mas Lisboa continua a subir

A capital portuguesa registou um aumento significativo nos preços das casas.
Lisboa. Fotografia de Freepik.

O crescimento global dos preços no mercado imobiliário abrandou significativamente, conforme revelado pelo mais recente relatório da Knight Frank – o Prime Global Cities Index – da qual a portuguesa Quintela + Penalva é parceira desde 2021.

Segundo o estudo, a taxa de crescimento dos preços das casas nas 44 cidades analisadas abrandou 4,1% no primeiro trimestre deste ano para 2,6% no segundo trimestre. Este valor está bem abaixo da média de longo prazo de 5,3%, refletindo a necessidade de um ajuste nas taxas de juro antes que os preços possam retomar uma trajetória de subida acentuada.

No entanto, Lisboa destaca-se com uma melhoria acima da média. A capital portuguesa registou um aumento significativo nos preços das casas, assinalando a segunda maior diferença do 1º trimestre para o 2º trimestre, apenas atrás de Estocolmo, que está no topo do pódio em termos de crescimento. Já se olharmos para o crescimento dos preços nos últimos três meses, as casas em Lisboa têm uma subida de preço maior do que Madrid, Mónaco, Miami ou Zurique. Apenas sobem menos do que Tóquio, Manilla, Seul ou São Francisco.

O relatório também revela um abrandamento global mais amplo da taxa de crescimento dos preços, que aumentaram apenas 2,6% nos últimos 12 meses até o final de junho de 2024. A análise da Knight Frank aponta para um declínio acentuado do crescimento no final de 2022 e início de 2023, impulsionado pelo aumento das taxas de juro e pelos custos mais altos das hipotecas.

No entanto, com o crescimento dos lucros a superar os preços da habitação e uma oferta limitada de imóveis à venda em muitos mercados de primeira linha, os preços começaram a subir novamente a partir de meados de 2023. O abrandamento do crescimento neste trimestre sugere a necessidade de existir um maior fluxo de taxas de juro mais baixas para que os preços possam, consequentemente, voltar a subir.

O relatório indica que o número de mercados com descidas anuais de preços aumentou de 18% no quarto trimestre de 2023 para 25% no segundo trimestre deste ano. No primeiro trimestre, 32% dos mercados registaram um aumento anual dos preços superior a 5%; no segundo trimestre, este valor desceu para 13%. O crescimento anual de Madrid caiu de 17,2% no primeiro trimestre para 6,4% neste trimestre, registando uma diferença de -10,8%.

O caso de Dubai foi ainda mais dramático, com um crescimento de 15,9% reduzido a um declínio de 0,3%, refletindo uma diferença de -16,2%. Apesar destes abrandamentos, Miami, que registou um aumento de 77% desde o início de 2020, viu um aumento de quase 8% nos preços nos últimos 12 meses, destacando-se novamente na classificação.

Na Europa, onde o crescimento dos preços tinha estado estagnado, seis dos 10 mercados que registam as melhorias mais acentuadas situam-se no continente europeu, lideradas por Estocolmo. Embora os preços ainda estejam a descer 2,6% ao ano, trata-se de uma melhoria acentuada em relação aos -6% registados no último trimestre.

Na perspetiva de Francisco Quintela, CEO da Quintela + Penalva, parceiro em Portugal da Knight Frank, «este crescimento dos preços na cidade de Lisboa mostra que o mercado nacional continua a ser atrativo para investimentos».