Em 2022, os promotores submeteram 19.530 novos projetos de habitação a licenciamento municipal, que integram a construção de 43.800 casas. Face a 2021, esta oferta projetada reflete um aumento de 20% em número de projetos e de 17% em número de fogos. É o que revelam as estatísticas da Confidencial Imobiliário, divulgadas esta terça-feira.
Na prática, a atividade de 2022 resulta numa carteira com mais 3.200 projetos e mais 6.350 fogos do que em 2021. O pipeline de 2022 recupera assim para os níveis de 2020.
“Aceleração da atividade de promoção residencial é uma boa noticia”
De acordo com as declarações de Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário, a evidente aceleração da atividade de promoção residencial é «uma boa notícia», uma vez que «a escassez de oferta é uma das preocupações estruturais deste mercado e um dos fatores a sustentar a trajetória de aumento de preços».
Para o responsável, este é um sinal de que «os promotores estarão a ajustar as suas estratégias face ao aumento de custos de construção, sem que isso implique necessariamente cancelar projetos». Todavia, recorda que «não podemos esquecer-nos que este crescimento de 2022 acontece face a um 2021 com quebras fortes, e especialmente que este nível de lançamento de nova oferta fica muito aquém da capacidade de absorção da procura».
De referir que, em 2020, a atividade manteve-se em linha com 2019, embora os receios iniciais de uma travagem brusca no lançamento de novas promoções residenciais. Em 2020, o pipeline residencial registou a submissão de 46.350 novos fogos a licenciamento.
Gaia: o principal destino de promoção
Em 2022, as cidades de média dimensão, que integram as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, foram alvos de interesse por parte dos promotores. De acordo com os dados da Confidencial Imobiliário, Vila Nova de Gaia foi o principal destino do investimento residencial projetado em 2022.
O município registou 2.800 novos fogos em licenciamento, ou seja, mais 690 fogos que em Lisboa, onde se contabilizam 2.120 novas unidades em pipeline, e mais 1.150 que no Porto, onde a carteira de nova promoção residencial contabiliza 1.650 fogos. Além disso, enquanto a atividade regista uma quebra de 16% em Lisboa e de 23% no Porto, em Gaia acelerou 29%.
Em 2022, o pipeline distribui-se por 278 concelhos do país, pese embora apenas sete concelhos concentrarem uma fatia de 26% do stock nacional, todos com mais de 1.000 fogos em carteira. O databank indica que, entre os concelhos com mais de 1.000 unidades em licenciamento, incluem-se ainda Matosinhos e Braga, e a constar, pela primeira vez, Oeiras e Guimarães, todos com pipelines de 1.000 a 1.500 unidades.
A Confidencial Imobiliário destaca ainda a dinâmica verificada em quase duas dezenas de outras cidades com mais de 500 fogos em pipeline, quase todas refletindo forte aceleração da atividade. Na Área Metropolitana de Lisboa, integram a lista o Seixal, Loures, Cascais, Almada, Mafra, Setúbal, Palmela e Sintra, a passo que na Área Metropolitana do Porto são os casos da Maia e Vila do Conde.
A Norte do país, integram a lista cidades como Famalicão e Barcelos. Na região Centro, os casos de Aveiro, Viseu e Leiria. No Algarve, Loulé e Portimão, somam também um pipeline de mais de 500 casas para aprovação.