A habitação tem de ser encarada como uma prioridade nacional e a dimensão da crise justifica a aplicação urgente de um plano de emergência. O alerta é lançado por duas especialistas ouvidas pela Lusa, citadas pelo Observador, que avisam: sem uma resposta imediata, a proliferação de construções precárias tenderá a agravar-se.
“A habitação deve ser tratada como uma prioridade nacional e não está a ser”, sublinha a socióloga Sandra Marques Pereira, investigadora do DINÂMIA’CET-Iscte, centro de estudos socioeconómicos e territoriais. A especialista reconhece que “não quer dizer que não há um esforço”, mas considera que “a política de habitação ainda não tem a centralidade que devia ter face à gravidade da situação”.
A extinção de um ministério autónomo da Habitação é, para a socióloga, “um indicador importante de enfraquecimento, iniciado com o executivo anterior e que se repete neste”. Neste contexto, assume que não acredita “que a situação venha a melhorar” e antecipa que a proliferação de construções precárias deverá continuar.
“Urge fazer-se um plano de emergência habitacional, a nível nacional”
“Urge fazer-se um plano de emergência habitacional, a nível nacional”, defende Isabel Santana, que liderou durante anos a divisão de gestão de habitação municipal da Câmara de Lisboa.
“Esta escalada de proliferação de barracas e construções precárias não vai parar. A não haver uma atuação diferente, vamos ter os ‘clandestinos’ que tínhamos em 1980/90”, alerta, defendendo “construção em larga escala” e “uma articulação entre administração central e poder local”.
Co-autora da Estratégia Local de Habitação de Lisboa, considera que “as autarquias fazem o seu papel”, mas que as medidas adotadas “acabam por ser pensos rápidos, porque o volume e a dimensão das necessidades são muitas”.