Com o tema “Arquitetura e Engenharia: Um sector em mudança acelerada”, realizou-se no passado dia 21 de novembro, o 1º Congresso da Associação Portuguesa de Projetistas e Consultores (APPC).
O evento contou com a presença da Ministra da Habitação, Marina Gonçalves, que enfatizou que iniciativas como esta «permitem-nos olhar para o passado, presente e futuro» e, neste sentido, «perceber o desafio que temos pela frente e de que forma temos de melhorar e trabalhar em conjunto». A ministra enalteceu o papel da arquitetura e da engenharia na sociedade, salientando que «tudo aquilo que hoje temos, esta capacidade de usufruir coletivamente, tem um papel essencial deste setor».
«A dimensão importante e estrutural deste setor é essencial para construir infraestruturas e ferramentas coletivas tão cruciais para o nosso quotidiano. Desde arquitetos, projetistas até engenheiros, todo o setor da construção desempenha um papel fundamental na concretização das políticas habitacionais e no esforço de construir milhares de habitações», afirmou Marina Gonçalves.
“É importante perceber o desafio que temos pela frente, tanto público, como privado ”
A ministra traçou três dimensões importantes para a discussão: a sustentabilidade, «a forma como temos de adaptar aquilo que construímos e desenhamos para o desenvolvimento do nosso país, garantindo descarbonização, reutilização de materiais, novas ferramentas que temos ao dispor etc.»; industrialização, «a celeridade e eficácia daquilo que estamos a fazer e dos projetos que estamos a construir»; inovação e a «capacidade que a legislação nos dá para ir muito além do preço». Para completar, Marina Gonçalves realçou a importância de termos esta parceria entre público e privado, visto que «é mesmo importante perceber o desafio que temos pela frente, tanto público, como privado. É fundamental continuar a fazer este trabalho, que este fórum possa trazer mais e melhores soluções para esta parceria»
“É todo um setor que sempre deu muito ao país e onde podemos desenvolver competências e capacidades, num momento em que nos preparamos para um nível de investimento muito significativo ”
Além de Marina Gonçalves, o congresso contou com a presença de Pedro Siza Vieira, que presidiu o congresso. Na ocasião, o ex-ministro da Economia assinalou que «Portugal deve muito à engenharia, à construção, à arquitetura. Foi graças à engenharia e à nossa capacidade construtiva que fomos capazes de vencer grandes dificuldades que este território nos colocava. É todo um setor que sempre deu muito ao país e onde podemos desenvolver competências e capacidades, num momento em que nos preparamos para um nível de investimento muito significativo, num conjunto de infraestruturas que vão ser muito importantes para o nosso futuro, que vão acabar de nos dar coesão interna, que vão conseguir ligar nos ao mundo por via aérea, por via marítima, por via de telecomunicações, de dados e de informação que agora temos novos desafios para responder, onde precisamos de construir dezenas, centenas de milhares de fogos para responder a um problema de habitação muito crítico».
O responsável adiantou ainda que «é crucial reforçar o apelo ao conhecimento coletivo de toda a fileira. Este conhecimento requer um investimento significativo em recursos humanos qualificados para se adaptarem a este novo modo de trabalho, assim como em tecnologia avançada. Para o alcançar, será necessário dispor de recursos financeiros substanciais».
A keynote speaker do congresso e Presidente da EFCA – Federação Europeia de Associações de Consultoria de Engenharia, Inés Ferguson, apontou o caminho para o futuro: «penso que o setor de consultoria em engenharia em Portugal está bem ciente da profunda transição pela qual estamos a passar e da necessidade de reforçar as nossas competências e a nossa proposta de valor para fornecer serviços mais digitais e mais ecológicos. Acredito que o primeiro passo é reconhecer isso, abraçar novas tecnologias e modelos digitais para proporcionar valor. Se conseguirmos fazer isso, penso que há um futuro muito promissor para a nossa indústria ao impulsionar a mudança económica e ser muito relevante no aumento da competitividade da nossa economia. Temos o desafio da falta de competências, conhecimento e capacidade. Precisamos de trabalhar nisso».
Na abertura do congresso, Jorge Nandin de Carvalho, Presidente da Direção da APPC, referiu que este «é um dia histórico para a APPC com a realização deste Primeiro Congresso, que contou com uma adesão que superou as nossas expetativas iniciais, mostrando assim que o setor está cada vez mais unido não só nas preocupações que partilha, mas também nas soluções que procura para o presente e futuro. Acreditamos que estamos em tempos muito desafiantes, com bastante trabalho pela frente, mas com carência de recursos humanos e sem capacidade para reter talentos e consolidar as equipas».