Mercado de escritórios com “arranque ponderado” no 1º trimestre

Continuam a registar-se novas procuras de empresas que se estão a instalar em Portugal pela primeira vez.
Continuam a registar-se novas procuras de empresas que se estão a instalar em Portugal pela primeira vez.

A procura de escritórios parece manter-se resiliente aos fatores externos adversos, depois de um 2022 histórico, com Portugal na 4ª posição de melhor performance no contexto europeu e o volume de absorção a atingir o pico

De acordo com a Worx Real Estate Consultants, nos primeiros três meses do ano verificou-se um volume de absorção de 20.300 metros quadrados de espaços de escritórios na Grande Lisboa, distribuído por 42 operações. A procura encontra-se 44% abaixo de 2022, após o volume histórico de 64.200 m² no período homólogo.

A consultora aponta, como maiores operações do ano até agora, a ocupação da Code for All de 2.840 m² no edifício Gonçalves Zarco na zona ribeirinha e da Hipoges na Torre Oriente do Colombo com 2.085 m².

Operadoras internacionais querem entrar em Portugal

De acordo com a Worx, continuam a registar-se novas procuras de empresas que se estão a instalar em Portugal pela primeira vez, o que associado à crescente absorção de espaços dos operadores de flex office, irão caracterizar a dinâmica ocupacional no mercado de escritórios de Lisboa em 2023.

A WeWork, o Idea Spaces e o LACS foram os principais ocupantes e há muitas mais operadoras internacionais a querer entrar em Portugal, o que evidencia a consolidação dos flex offices no mercado nacional.

João Carlos Simões, CEO e co-fundador do IDEA Spaces, considera que «o crescimento dos espaços de trabalho flexíveis é inevitável, tendo em consideração a procura crescente de empresas e profissionais, nacionais e internacionais. A atratividade do país - e em particular da cidade de Lisboa - para empreendedores, não deixará abrandar a procura. As vantagens do cowork face ao arrendamento tradicional são já evidentes para a grande maioria dos trabalhadores e empresas, o que faz com que surjam também necessidades particulares».

Segundo a consultora, os sinais de um potencial abrandamento ainda são muito pontuais e recentes, vindo principalmente das empresas tecnológicas como a Google, Microsoft, Amazon e Meta, que têm anunciado despedimentos coletivos globais.

Em Portugal, os despedimentos coletivos anunciados, em 2022, estavam em linha com os últimos 6 anos à exceção do ano da pandemia. Contudo, em janeiro de 2023, o número mais que duplicou com especial preponderância em micro e pequenas empresas e atividades da indústria transformadora.

Taxa de desocupação poderá aumentar, mas não de forma substancial

De acordo com a Worx, a taxa de desocupação poderá aumentar em 2023, mas não de forma substancial, uma vez que 95% dos espaços a ser concluídos nesse ano estão já pré-arrendados e se espera que a procura continue acima da média dos últimos 5 anos. Os principais projetos em pipeline, inclusivamente os especulativos, continuam a avançar com grande urgência para dar resposta a uma procura robusta, sobretudo nas localizações mais centrais da cidade.

Nesse sentido, a taxa de desocupação deverá assim apresentar um comportamento caracterizado por uma «dinâmica a duas velocidades», aponta a consultora: reduzida disponibilidade nas zonas mais centrais de Lisboa e em edifícios novos/remodelados, e níveis mais elevados de desocupação em zonas periféricas, sem acesso a metro e em que o parque de escritórios esteja mais desatualizado face aos atuais requisitos das empresas.

Para Bernardo Zammit e Vasconcelos, Head of Agency da Worx, «é evidente uma certa desacelaração da procura por parte das empresas – já desde o último trimestre de 2022 –, contudo, não nos parece caso para alarmismos, pois o fluxo de procura mantém-se estável, com empresas nacionais e internacionais de vários sectores de atividade a procurar novos espaços de trabalho, mais adaptados às necessidades dos seus trabalhadores. Essa sim, uma clara tendência para os próximos anos: a evolução dos espaços de trabalho para instrumentos de atração e retenção, em vez de servirem somente como sites de operação/produção».

As rendas prime mantém-se estáveis nos €26/m²/mês, sendo que nos próximos tempos os proprietários deverão estar mais disponíveis para prestar incentivos e contribuições de forma a motivar as empresas a optar pela mudança de espaços, indica a Worx.