Este é o momento de «preparar a reativação da atividade imobiliária»

Este é o momento de «preparar a reativação da atividade imobiliária»

A recuperação do mercado imobiliário foi um dos principais focos dos intervenientes convidados a participar no primeiro encontro online organizado pelo Observatório Inmobiliário, marca do Grupo Iberinmo, em parceria com a APCEspaña, “O impacto do Covid-19 no setor imobiliário”, que ocorreu na passada sexta-feira, dia 27 de março.

Assegurar a atividade no mercado imobiliário ao mesmo tempo que se certifica a máxima contenção da propagação do vírus são, segundo Mariano Fuentes Sedano, Responsável pela Área de Desenvolvimento Urbano na Câmara Municipal de Madrid, duas das principais linhas de ação a adotar no momento. Isto quer dizer que os esforços da autarquia estão hoje voltados para «preparar a reativação da atividade imobiliária» e, portanto, para dar «continuidade a todos os processos de licenciamento para que estes estejam prontos depois da crise».

O presidente da Associação de Promotores e Construtores de Espanha (APCEspaña) Juan Antonio Gómez-Pintado assegurou também que a atividade do setor tem seguido caminho. Em Madrid entre 70 % e 80 % dos projetos estiveram ativos durante a primeira semana do estado de alarme. E nos outros pontos do país «praticamente não se notou» diferenças na atividade. Mas não esconde que «o grau de afetação é um pouco maior em Madrid e depois em Barcelona».

Ainda assim, Leticia Ponz, vice-presidente da WIRES, diz-se hoje «preocupada» com o atual estado do setor, sobretudo por dois motivos: primeiro «há setores que estão praticamente parados», como é o caso do retalho, hotéis e escritórios, e depois as empresas têm de «tomar muitas decisões muito rapidamente em circunstâncias desconhecidas até agora». Mas reconhece que a atual crise não toca a todos os segmentos do mesmo modo, já que a logística, por exemplo, tem tido «bastante atividade».

Para «tentar limitar os danos no setor ao mínimo possível», há que considerar «o momento adequado para tomar decisões e adaptar os planos», argumenta Roger Cooke, Chairman Editorial Council na Iberian Property. E isso passa por «analisar os contratos de ocupação, os contratos com os bancos e ainda por vigiar os contratos de seguros para ver o que se pode fazer neste momento», acrescenta. O importante, diz Roger Cooke, é «manter o ânimo» e «prepararmo-nos para lutar por uma recuperação rápida». Mas alerta que «vai ser precisa uma certa energia» para o fazer.

A verdade é que «estamos mais preparados hoje para ultrapassar a crise. As situações financeiras que as empresas têm neste momento não têm nada que ver com as situações em que estavam em 2008», assegura Juan Antonio Gómez-Pintado. E, por outro lado, as empresas hoje também estão mais capacitadas para se adaptar à gestão dos negócios remotamente. Paloma Arnaiz, Secretaria General da AEV (Associação Espanhola de Analise de Valor), recorda que há medidas em marcha para «melhorar a eficiência e produtividade das empresas», adotando ferramentas de gestão, controlo de negócios, comunicação e de apoio à segurança à distância. E este é um dos fatores essenciais que dão hoje continuidade à atividade, ainda que remotamente e com as suas limitações.

A recuperação do setor, na perspetiva de Paloma Arnaiz, deverá depender essencialmente de dois fatores chave: os níveis do desemprego e a capacidade de resistência das promotoras e das construtoras perante a paralisação das vendas e uma provável descida dos preços dos ativos.

Um «elemento forte para a recuperação económica social» é para José María García Gómez, Diretor Geral de Habitação e Reabilitação na Comunidade de Madrid, o conjunto de parceiras público-privadas existentes. Estas são hoje «imprescindíveis, para ajudar as famílias afetadas pela pandemia», acrescenta Mariano Fuentes Sedano.

Sobre este cenário, Carlos Portocarrero, Head of Real Estate da Clifford Chance, vai mais longe, acreditando que com a futura recuperação vamos depararmo-nos, no medio prazo, como uma «idade de ouro», já que haverá muita liquidez no mercado e, portanto, muitas operações. Ricardo Sousa, CEO da Century 21, sublinha ainda que apesar das decisões de compra terem sido adiadas, continuam em cima da mesa. E embora a oferta tenha estabilizado este mês, a procura continua real.