«Inicialmente, as medidas fiscais visavam ajudar o sistema de saúde, mas muitos Governos não ficaram por aí e exigiram mais gastos e redução de impostos. Assim, estas medidas foram alargadas às empresas diretamente expostas à crise», explica em entrevista ao Iberian Property Investment Talks.
No setor imobiliário, em concreto, as medidas «concentram-se nas respostas da política fiscal para setores, especificamente nos que têm maiores danos, como turismo e hotelaria, e ainda algum cuidado com todas as avaliações». Na sua opinião, «devemos implementar mudanças na política imobiliária para reduzir o fardo aos inquilinos e, em alguns casos, alguma regulamentação para os proprietários».
Mas alerta que «essas mudanças devem ser temporárias, devem ser limitadas a alguns meses. Quando o estado de emergência sanitário for resolvido, a regulamentação deverá voltar à situação anterior à crise», sublinha.
Políticas monetárias têm sido «cruciais para toda a economia»
Sobre as políticas monetárias, Miguel Ferre considera que a «resposta dos Governos e dos Bancos Centrais está a ser substancial. Penso que é uma resposta positiva, mas provavelmente não será suficiente», admite.
Uma das medidas de política monetária diz respeito ao pacote de 750 mil milhões de euros disponibilizado pelo Banco Central Europeu para aliviar a dívida pública durante a crise. Outra trata-se dos 540 mil milhões de euros garantidos pela mesma entidade para fazer face à crise apoiando os trabalhadores, empresas e os Estados-membros.
Para o vice-presidente da Global Corporation Centre EY&IE este tipo de apoios serão «cruciais para toda a economia e em particular para o setor imobiliário e ainda de forma mais particular para o turismo». Ainda assim, «estas medidas serão provavelmente a resposta final, mas ainda espero que os Governos ampliem o financiamento adicional assim que a extensão se tornar clara».
«Hotéis serão um investimento seguro no longo prazo»
Apesar de agora o segmento hoteleiro estar a ter «um impacto mais significante do Covid-19, com uma paragem total da atividade do setor e cancelamentos de reservas em muitos países», o investimento neste segmento «será seguro no longo prazo», acredita Miguel Ferre.
Ainda assim, a sua perspetiva no curto-prazo não é animadora. «Portugal e Espanha estão cerca de 90% dependentes do transporte aéreo e a maior preocupação até ao final do ano será focada em reassumir o nível de turismo. Eu não estou de todo otimista. Está claro para mim que há falta de confiança entre o turismo, serviços e consumires. Por esta razão, a hotelaria será o primeiro setor do imobiliário comercial a ser afetado pela Covid-19».