As medidas impostas para conter a propagação do novo coronavírus já se fazem sentir na «frágil» estrutura económica do país que possui «a dificuldade de ter um Estado muito endividado e com pouca capacidade de ir buscar liquidez para injetar na economia», explica o economista Fernando Alexandre, na iniciativa “O país que se segue” da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Apesar das dificuldades, espera-se que «a partir de junho haverá uma compensação através do turismo, que é o grande motor da economia entre junho e setembro». Mas caso isso não aconteça nos próximos dois meses «vamos ter problemas sérios», avança o economista.
O importante neste momento é a velocidade de resposta e na criação de medidas e planos de ação. «A rapidez de reação vai ser decisiva para o futuro da economia. Porque se não formos rápidos vamos ter danos irrecuperáveis», assegura Fernando Alexandre, defendendo que para que economia tenha níveis de atividade e de emprego que a permitam ser minimamente sustentável, «temos de ter outros setores da economia a funcionar e a recuperar».
Mesmo mergulhando na recessão económica já anunciada pelo Fundo Monetário Internacional, há oportunidades de negócio que podem ajudar a alavancar a economia. A produção de materiais de proteção médica e de reagentes para testar o Covid-19 é um dos mercados a ser explorado que, por outro lado, necessita de uma cadeia de distribuição que irá aumentar a atividade logística. E, depois, o aumento do e-commerce tem sido tal, que já há empresas a necessitarem de aumentar a sua capacidade apostando em novos ativos e novas cadeias de distribuição de produtos.
Estamos numa «forte desaceleração» da económica mundial e vamos ter «uma alteração completa do ciclo produtivo», avança Fernando Alexandre. Nem todas as empresas vão sobreviver a esta crise, já que nem todas poderão aceder a créditos. E nesta triagem as entidades bancárias vão ter um papel fundamental, acredita o economista, argumentando que são eles que têm de avaliar e perceber quais são as empresas mais produtivas, que apostam mais na inovação e que tem mais probabilidade de vencer.
Apesar da retenção de talentos no país e dos vários apoios disponibilizados não só pelo Governo, mas também pelas instituições europeias (Banco Central Europeu e a Comissão Europeia), o economista não esconde que o futuro da nossa económica será marcado por uma queda do PIB e por um aumento da dívida pública.