“Avaliação é uma questão difícil neste momento”

“Avaliação é uma questão difícil neste momento”

Sobre este tema, Eric Van Leuven, Head of Portugal da Cushman & Wakefield, confessa que «há tanta incerteza que realmente não sabemos». Na verdade, a «avaliação é um tema difícil neste momento», sublinha. 

Ainda assim, prevê que «talvez o valor dos ativos prime como os escritórios e as unidades logísticas não deva sofrer muito». Os ativos logísticos estão, aliás, a adaptar-se «a esta nova realidade e claramente no curto-médio prazo devem estar bem posicionados para beneficiar desta crise», revela Eric Van Leuven no âmbito da iniciativa Iberian Property Investment Talks.  

Contudo, os ativos localizados em zonas secundárias estão numa situação «mais particular».  Neste segmento, «a hotelaria e o retalho são os mais vulneráveis. No retalho é muito difícil apurar a receita operacional que é uma das bases da avaliação dos ativos». Para já, «vamos ver como as rendas vão evoluir no próximo mês e nos seguintes», explica.  

Enquanto o mercado imobiliário se adapta a esta nova realidade já há «players oportunistas que estão claramente a posicionar-se e a procurar ativos», revela Eric Van Leuven. Por outro lado, «há muito capital ‘core’ nos fundos de investimento». Para já «provavelmente a maior parte deles está a esperar para ver onde o capital poderá ser aplicado», mas espera-se que os «os fundos ‘core’ possam ser muito ativos rapidamente», avança.  

 

Investimento em Portugal este ano deve ascender aos €2B 

As operações que se deverão realizar em Portugal ainda este ano poderão ajudar a consolidar os valores atingidos no primeiro semestre, que segundo Eric Van Leuven, «foi o melhor trimestre da história», atingindo um volume de investimento de cerca de 1,5 biliões de euros.  

Na verdade, nos primeiros três meses do ano ocorreram «transações muito grandes como, por exemplo, a venda do portfólio de centros comerciais da Sonae Sierra a Allianz e a Elo, que representou um investimento de 525 milhões de euros», explica. 

Para o final do exercício, o Head of Portugal da Cushman & Wakefield acredita que o valor de investimento poderá ser «próximo de 2 biliões de euros ou talvez de 2,5 biliões». Ainda assim, estas projeções são inferiores aos 3 bilhões de euros registados em 2019. 

Consequências da crise deverão ser «brutais» 

Já a perspetiva macroeconómica de Eric Van Leuven para o país não é otimista. As consequências da crise deverão ser «brutais e devastadoras», passando pelo encerramento de várias pequenas e médias empresas e pelo aumento do desemprego. 

Na sua visão, a dívida publica este ano deverá «retroceder ou mesmo exceder ao nível máximo alcançado em 2014 que foi de 132,9% do PIB». Segundo dados do Fundo Monetário Internacional, este valor deverá ascender aos 135% do Produto Interno Bruto no final deste ano.  

Dadas a projeções de descida do PIB e de aumento da dívida pública, Eric Van Leuven acredita que «será muito difícil não ver austeridade» nos próximos anos. E admite que este cenário «vai afetar os níveis de ocupação, os gastos, novos projetos de desenvolvimento e as finanças».