Promotores querem fazer casas a preços acessíveis

A inflação vai influenciar os valores finais de venda. Todos os setores da economia são afetados, nomeadamente a promoção imobiliária, e o aumento gradual dos custos gerados pela pandemia gerou uma subida considerável nos custos de construção, que a guerra veio acentuar.O constrangimento verificado originou, para além do aumento dos preços, o atraso de projetos em construção, bem como o desenvolvimento de novos, o que irá aumentar o desequilíbrio entre a elevada procura e a fraca oferta que não consegue ir ao encontro dessas necessidades. Este desequilíbrio vai suportar a contínua subida dos preços de venda. E, se em alguns casos, os aumentos podem ser absorvidos pelo mercado, como o segmento alto/investimento, noutros, como a classe média, não, e este é um enorme motivo de preocupação geral. O segmento alto tem elevado capital disponível e pouca dependência do financiamento, mas o mesmo não acontece com a classe média. A subida das taxas de juro e dos custos de construção vão manter o aumento dos preços, e a capacidade de absorção destes aumentos é muito limitada.Os promotores querem fazer casas a preços acessíveis, mas não vão conseguir, a menos que o Governo entenda esta como uma prioridade, e liberte parte da enorme carga fiscal de 40% face ao custo final das habitações. Não é admissível que o IVA sobre os custos de construção seja de 23%, e não dedutível.A Habitat Invest tem trabalhado ao nível dos empreiteiros/custos de construção e da estratégia comercial do produto. A escolha do empreiteiro, trabalho em regime de “open book”, ou definir preços máximos garantidos fazem parte de um processo colaborativo e de confiança recíproco. Nos empreendimentos de maior dimensão, a estratégia passa por fracionar as vendas para que comercialização e obra sejam realizadas de forma parcelada. E nos projetos a preços mais acessíveis, tentamos adequar as áreas dos apartamentos à capacidade financeira das famílias.Tem sido um enorme desafio. Todo este esforço corre o risco de fracassar se o Governo não reagir muito rapidamente, e se as Câmaras Municipais não agilizarem os licenciamentos. Haja esperança!

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