Habitação em tempo de guerra

A Century 21 é a maior rede de imobiliário residencial do mundo, pelo que agrega um profundo conhecimento das principais tendências deste sector, a nível nacional e internacional. Atualmente, existem três conceitos estratégicos a considerar quando se pensa em novos empreendimentos residenciais: custo, sustentabilidade ambiental e inclusão.Em primeiro lugar, o fator custo. No nosso país a acessibilidade à habitação está fortemente comprometida pela inadequação da oferta à realidade da capacidade financeira das famílias portuguesas. Os novos empreendimentos residenciais devem disponibilizar opções de habitação acessível. Os promotores imobiliários podem considerar a construção de casas mais pequenas e mais eficientes, com recurso a materiais sustentáveis e económicos, a tecnologias de construção inovadoras e à industrialização do processo de construção, para reduzir os custos de edificação.O segundo aspeto é a sustentabilidade ambiental. Os edifícios residenciais já têm que ser projetados para minimizar o seu impacto ambiental. Para além da incorporação de métodos construtivos industrializados, os promotores devem considerar sistemas para autoconsumo energético - como painéis solares - iluminação e eletrodomésticos com eficiência energética elevada, telhados verdes e sistemas de aproveitamento de águas.O uso de materiais ecologicamente mais eficientes, matérias de origem local, tintas ecológicas e materiais reciclados estimulam a circularidade da indústria da construção e diminuem a pegada carbónica dos edifícios. Para além disso, os promotores imobiliários podem promover ainda opções de transporte sustentável, como espaço para bicicletas e estações de carregamento de veículos elétricos.Por último, o fator inclusão. Num país como Portugal, que tem a população mais envelhecida da Europa - e com os indicadores sociodemográficos de longevidade a aumentar - os empreendimentos residenciais devem ser projetados para serem inclusivos e darem resposta a diferentes necessidades da população. Os promotores têm uma boa oportunidade de projetar casas acessíveis e adaptáveis para pessoas com mobilidade mais condicionada - incluindo portas mais largas, rampas para carrinhos de bebé ou cadeiras de rodas e barras de apoio – para que as casas estejam adaptadas às diversas fases da vida e da idade dos seus utilizadores.As pessoas não procuram apenas casas. Procuram soluções habitacionais para o estilo de vida que pretendem ter. São valorizados elementos completares à habitação como parques infantis, jardins comunitários e espaços comuns partilhados. A melhor forma de se perceber qual a solução mais adequada a cada projeto passa pelo envolvimento das comunidades locais e das partes interessadas, para garantir que os projetos imobiliários respondem às necessidades e preocupações das pessoas a quem se destinam.Em conclusão, custo, sustentabilidade ambiental e inclusão são aspetos críticos para o desenvolvimento de empreendimentos residenciais. Os investidores e promotores imobiliários devem fazer um esforço para incorporar estes elementos nos seus projetos e trabalhar para criarem casas acessíveis, sustentáveis e inclusivas. Esta é a base dos tão apregoados critérios ESG de que tantos falam, mas que tão poucos compreendem verdadeiramente.

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