Em 2025 o mercado imobiliário recupera rota de crescimento

O ano passado foi de recuperação gradual do mercado imobiliário, depois de um 2023 fortemente afetado pela conjunta macroeconómica, com as taxas de juro a subirem de forma mais rápida e intensa do que inicialmente previsto. Ao longo de 2024, o mercado recuperou a sua curva ascendente, tendo sido particularmente visível na segunda metade do ano, altura em que foi mais evidente o aumento dos níveis de transação na habitação e no imobiliário comercial, ao mesmo tempo que os preços e as rendas intensificaram o seu crescimento.Acreditamos, por isso, que 2025 será de consolidação da retoma e, como tal, um excelente ano para o imobiliário em Portugal. Na habitação, os níveis de procura estão robustos, impulsionados pela contração gradual das taxas de juro e pela crescente atratividade de Portugal como destino preferencial no palco internacional.Um dos mercados emissores com maior potencial de crescimento é o norte-americano, apesar de esta já ser uma das principais nacionalidades que investe em imobiliário no nosso país. Portugal, que está no radar de muitos norte-americanos desde há alguns anos, é hoje encarado como uma oportunidade de investimento única com uma camada adicional de atratividade - uma governação estável, riqueza cultural e um estilo de vida apelativo. No atual clima de polarização política e com a eleição de Donald Trump, os norte-americanos valorizam especialmente a combinação entre custo de vida acessível, segurança e inclusão de Portugal. E isso terá efeitos concretos no aumento da procura residencial.Continua, contudo, por resolver a questão da falta estrutural de oferta de habitação acessível, que permita dar uma resposta efetiva à procura por parte da população com maior dificuldade em comprar casa com valores ajustados ao seu nível de rendimento, equilibrando também o mercado a nível de preços.Da parte dos promotores, há vontade em investir e já começamos a sentir até alguma “ansiedade” em concretizar estes investimentos, precisamente porque existe essa perceção de robustez da procura. Os promotores imobiliários ativos no mercado querem ter novos produtos para venda e querem avançar muito rapidamente com novos projetos. Na nossa atividade, começamos já a sentir esse dinamismo, com muitos promotores a manifestarem interesse ou a procurarem ativamente oportunidades de desenvolvimento imobiliário, quer sejam projetos para reabilitar ou terrenos para construir de raiz.E os indicadores de mercado mostram mesmo um número recorde de pedidos para licenciamento de novos fogos. De acordo com os dados da Confidencial Imobiliário, foram submetidos pedidos para licenciar quase 54.000 casas até outubro, o que significa que a atividade está a aumentar mais de 20% face ao ritmo do ano anterior. Mas significa também que é necessário continuar a investir. Este volume, apesar de estar em expansão face a anos anteriores, equivale a cerca de metade das vendas de habitação realizadas entre janeiro e setembro (cerca de 111.000, de acordo com o INE), o que traduz um mercado em reanimação, mas que não reflete o melhor ano de transações.Portugal tem forte potencial para acolher data centresNo mercado de imobiliário comercial, a procura para investimento também estará em rota de crescimento em 2025. Enquanto produto de investimento para rendimento, espera-se um bom dinamismo na logística e no retalho, especialmente nos ativos com inquilinos sólidos, bem como no emergente segmento dos data centres, com forte potencial de crescimento em Portugal.Fatores como as restrições dos data centres americanos no alojamento de dados europeus (RGPD), conjugadas com o aumento da IA, que deverá impulsionar um crescimento anual de 80% na procura de armazenamento de dados e capacidade de processamento, colocam a Europa, e particularmente Portugal, numa posição de vantagem para acolher estes ativos. O nosso país reúne condições energéticas, de infraestruturação, redes de comunicação e geolocalização que o tornam especialmente apelativo para a instalação deste tipo infraestruturas, e o investimento em imóveis que acomodem estas necessidades vai crescer cada vez mais para dar resposta à procura de ocupantes de data centres. Isso vai atrair os investidores, que estão especialmente atentos a estes novos segmentos imobiliários, e acreditamos que Portugal vai captar parte desse interesse.Em suma, esperamos um ano sólido e em trajetória de crescimento no mercado imobiliário, quer no residencial quer no não residencial.

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