À medida que entramos em 2024, o panorama energético em Portugal e na Europa continua a sofrer os efeitos de 2023, ano que ficou marcado pela crise energética mundial, pelo aumento das catástrofes climáticas, pelos conflitos armados e pelas crises políticas em diversos Estados.
O ano de 2023 foi o mais quente de sempre no planeta desde que há registos, tendo sofrido uma série de recordes relacionados com as alterações climáticas e, em 2024, a tendência é que a situação, quer em Portugal, quer no mundo, se agrave ainda mais. O serviço de monitorização das alterações climáticas Copernicus, da União Europeia, estima que, nos próximos meses, a temperatura média global continue a exceder 1,5ºC a da era pré-industrial.
Assim, 2024 adivinha-se um ano de enormes desafios para todos e a urgência de se construir um futuro mais verde e resiliente ecoa com mais força do que nunca, obrigando os responsáveis políticos a responder às mudanças climáticas em curso com medidas robustas e inovadoras.
Agora, que já não há dúvidas de que o aquecimento global e as alterações climáticas são um problema verdadeiramente sério, a questão que se coloca é como podemos mitigar os seus efeitos e como nos vamos adaptar. O desafio é gigantesco porque vivemos tempos em que a conflitualidade global é crescente e as dificuldades da cooperação internacional agudiza-se.
Em termos económicos e, segundo as previsões do Fundo Monetário Internacional, espera-se que, em 2024, o crescimento real do PIB atinja os 3,1%, ligeiramente acima da previsão de outubro do ano passado, mas na Europa o cenário é pouco positivo, já que prevê que o crescimento mais baixo de todas as regiões do globo seja na Europa (0,9%), com Portugal a ter um melhor desempenho e uma perspetiva de crescimento a situar-se em 1,5%.
Para lá da economia, com os seus altos e baixos, 2024 será um ano difícil em que as alterações climáticas e os eventos climáticos extremos estão no topo da lista dos riscos globais a curto e longo prazo. Mais de 1.400 especialistas em riscos globais, decisores políticos e líderes da indústria, ouvidos pelo Global Risks Report 2024 do Fórum Económico Mundial, afirmam que “o futuro está sob ameaça”.
Dois terços dos inquiridos temem o aumento de eventos climáticos extremos em 2024, e consideram que as alterações críticas dos sistemas terrestres, a perda de biodiversidade e o colapso dos ecossistemas, aliado à escassez de recursos naturais e à poluição representam os riscos mais graves que iremos enfrentar nos próximos anos.
O caminho a seguir é o da mudança, combatendo as alterações climáticas e mitigando os seus efeitos. É urgente investir na adaptação climática, promovendo a transição energética para as energias renováveis e para a economia verde, apostar na eficiência energética e fortalecer a cooperação internacional.
Porque os recursos não são infinitos, é necessário ir além da transição energética e mudar os nossos comportamentos e deixar de desperdiçar recursos como a água e a energia, e apostar na eficiência. Temos de reduzir o uso do automóvel, um dos principais causadores de emissões no setor dos transportes. Temos de apostar na renovação do parque habitacional, porque 75% da população vive em casas que não cumprem os padrões mínimos de conforto. Temos de criar uma nova indústria, marcada pela redução de recursos e pela maior eficiência. Temos de estar informados porque este é um problema gigante que afeta todos e diz respeito a todos. O compromisso é coletivo e ninguém deve ficar para trás.