Verificou-se um aumento generalizado do preço das matérias-primas, e uma maior lentidão no tempo de resposta dos serviços públicos. Mas, contrariando todas as expectativas, estes anos foram marcados por uma boa performance de vendas. Para tal, contribuiu a manutenção das taxas de juros em mínimos históricos, a transformação digital e a própria alteração do perfil do comprador, fatores que continuam presentes. Assim, cabe aos promotores manterem-se atentos e reagirem rapidamente, identificando e aproveitando novas oportunidades.Do lado da oferta, o total de novas habitações está em mínimos históricos. Comparando a década 2011/2021 com a de 2001/2011, foram construídas menos 83% de habitações, sendo as diferenças ainda mais expressivas no stock de unidades disponíveis para venda, onde apenas 4% foram construídas nos últimos 10 anos. Em Lisboa, por exemplo, apenas 15% do stock disponível foi construído nos últimos 30 anos.Na procura, o mercado tem estado bastante ativo, tendo o mercado residencial registado em 2020 o maior valor de transações (26 mil milhões de euros), mantendo 2021 esta tendência, com o volume de vendas a crescer 30% no primeiro semestre, antecipando-se assim que 2021 supere o valor registado em 2020.2021 registou também um aumento de 4 a 5 pontos percentuais nos preços médios de habitação e é expectável que esta tendência se mantenha em 2022, contribuindo para tal o enorme desequilíbrio entre oferta e procura. Não podemos, no entanto, descurar a pressão que as taxas de juros sofrerão para controlar a inflação, o que poderá impactar a procura.A palavra resiliência tem sido usada para adjetivar o setor, mas é errado concluir que este atravessou a crise permanecendo igual. Pelo contrário, essa resiliência é fruto de uma profunda transformação do mercado e da agilidade de adaptação aos novos hábitos dos consumidores. O digital foi dos aspetos que mais contribuiu para esta mudança, e muito mais é de esperar, já que este é mesmo um caminho sem retorno. A criação de novas ferramentas permitiu que os imóveis possam ser “trabalhados” à distância, com ações mais assertivas e dirigidas aos diferentes segmentos. Também a adoção do teletrabalho e do regime híbrido, mais do que uma imposição, serão uma tendência, estando para ficar o conceito “live-work-play. Sem a necessidade de morar perto do emprego, o trabalhador procura imóveis maiores e mais confortáveis, com áreas onde possa trabalhar, mas também com mais áreas de lazer, espaços ao ar livre e uma melhoria da qualidade de vida no geral, fugindo para isso do centro das grandes cidades. É assim imperativo que toda esta transformação seja acompanhada pela adaptação dos projetos imobiliários em todas as suas vertentes, desde a revisão das tipologias, à redistribuição das áreas úteis e, não menos importante, com a criação de espaços verdes e promoção de boas práticas ambientais.A necessidade de os promotores adaptarem rapidamente os projetos a esta realidade é um dos maiores desafios, exigindo uma pronta reação por parte de todos os agentes, desde arquitetos, projetistas e construtores, sendo crucial colocar novas casas no mercado, reduzindo por essa via a pressão dos preços, especialmente nos grandes centros urbanos. Projetos que configurem ou assumam todas estas características de raiz, saem bastante beneficiados, sendo o Prata Riverside Village um bom exemplo disso.Concluindo, otimismo é a palavra de ordem para 2022, um ano desafiante que obrigará a uma constante reinvenção e inovação por parte de todos os agentes. Um ano onde os bons níveis de liquidez e a elevada procura, apesar da pressão inflacionista do lado dos custos, permitirão a todos os agentes traduzir em mais-valias as melhorias que têm sido introduzidas no setor.