No ano passado, a Sonae Sierra «foi a empresa mais impactada do portefólio da Sonae», tendo sido «severamente afetada pela pandemia e consequentes restrições do número de visitantes e/ou o encerramento de lojas impostas em todo o mundo».
No comunicado divulgado esta quinta-feira, o grupo destaca que as vendas dos lojistas e o número de visitantes diminuíram 34% e 38% em 2020, respetivamente. O resultado líquido da Sonae Sierra entre abril e dezembro (desde que começou a pandemia) fixou-se em -89 milhões de euros, que levaram a um resultado líquido anual de -42 milhões de euros. O desempenho operacional do portfólio de investimentos europeu da empresa foi negativo, e registou-se também uma redução de 7% no valor dos ativos. O INREV NAV fixou-se, assim, nos 902 milhões de euros no final de 2020.
A Sonae salienta no seu comunicado que «para além do efeito da pandemia, a atividade e os resultados da Sonae Sierra foram materialmente afetados por uma lei extraordinária e única imposta pela Assembleia da República portuguesa. Esta lei levou a um total de descontos de 54% nas rendas totais em Portugal em 2020, o que ultrapassa largamente qualquer outro país europeu onde a Sierra opera (e onde o desconto implícito foi em média de 26%)».
A empresa considera que «o carácter desproporcionado desta lei não se traduziu em nenhum benefício prático, social ou económico, uma vez que as taxas de cobrança e ocupação registadas em Portugal não divergiram de outros países. Pelo contrário, levou ao aumento de litígios e volatilidade temporária desnecessária. O Provedor de Justiça considerou a lei inconstitucional e encontra-se agora a ser revista pelo Tribunal Constitucional», recorda.
Durante a conferência de imprensa de apresentação destes resultados de 2020, Cláudia Azevedo afirmou ser «inacreditável o valor que saiu de Portugal» devido à lei que isenta os lojistas do pagamento da renda fixa nos centros comerciais. Citada pelo HiperSuper, afirmou que «são cerca de 500 milhões de euros que foram para grupos económicos internacionais», calcula, destacando que 80% das insígnias instaladas nos centros comerciais portugueses são de grandes grupos internacionais.