Porto é a cidade europeia com as rendas mais competitivas no retalho

Porto é a cidade europeia com as rendas mais competitivas no retalho
Fotografia cedida pela JLL.

O Porto surge como o destino mais competitivo da Europa para a instalação de lojas, segundo o estudo pan-europeu “European Retail City Profiles”, da JLL, que analisa o posicionamento de 16 mercados estratégicos no circuito do retalho europeu, tendo em conta fatores como localização comercial, contexto económico, desempenho do setor e dinâmica da procura.

Com uma renda prime de 1.020 euros por metro quadrado anuais, registada na Rua de Santa Catarina, o Porto apresenta o valor mais baixo entre todas as cidades analisadas. Este nível de renda coloca a Invicta entre 38% e 75% abaixo da maioria dos destinos europeus, cujos valores oscilam entre os 1.650 euros por metro quadrado em Bruxelas e os 4.090 euros em Munique. 

Esta vantagem competitiva em termos de custos, aliada ao forte dinamismo turístico, que em 2024 registou um novo máximo com 7,4 milhões de visitantes, ao crescimento do número de residentes estrangeiros e a uma base de consumo em expansão, com vendas a retalho estimadas em 11 mil milhões de euros em 2025 e um crescimento anual previsto de 3,8% até 2029, tem vindo a reforçar a atratividade do Porto junto de marcas e retalhistas internacionais.

O Porto está a afirmar-se como um destino-chave de retalho, impulsionado por um turismo robusto, uma população metropolitana em crescimento e uma cidade que tem beneficiado de uma forte regeneração urbana. Os retalhistas estão a capitalizar este ambiente e, com rendas bastante competitivas face às congéneres europeias, o Porto está a atrair cada vez mais lojistas estrangeiros, a par dos diversos retalhistas nacionais já presentes na cidade”, começa por explicar Andreia Almeida, Head of Research da JLL.

Há uma crescente procura pelas localizações prime como a Rua de Santa Catarina ou a zona da Ribeira e Avenida dos Aliados, as quais têm registado um forte crescimento da procura e ocupação de espaços comerciais. Para os próximos anos, perspetiva-se a entrada de mais marcas internacionais, incluindo operadores já presentes em Lisboa que procuram alargar operações para o Norte, bem como o reforço de marcas nacionais. Este movimento deverá intensificar a competição por espaços de qualidade, diminuir a disponibilidade e gerar uma tendência de subida das rendas a longo prazo”, diz ainda Andreia Almeida.

No caso de Lisboa, a capital portuguesa mantém-se como um dos mercados de retalho mais atrativos da Europa, aliando valores competitivos a uma forte pressão da procura. A renda prime na capital, apurada para o eixo da Rua Augusta e Rua Garrett, fixa-se nos 1.740 euros por metro quadrado anuais, um valor 71% acima do registado no Porto, mas ainda assim favorável no contexto europeu. Entre as cidades analisadas, Lisboa apresenta rendas apenas ligeiramente superiores às de Bruxelas e Antuérpia, em cerca de 5%, posicionando-se claramente abaixo da maioria dos grandes centros europeus, com diferenças que variam entre 28% e 57%, com exceção de Milão, Paris e Londres.

Em 2024, a capital recebeu 8,5 milhões de visitantes, dos quais 6,5 milhões provenientes do estrangeiro. As vendas no setor do retalho deverão atingir os 19.400 milhões de euros este ano, representando 29% do total nacional, com um crescimento médio anual estimado de 3,7% até 2029. “Apesar de ter rendas superiores ao Porto, Lisboa continua a praticar valores muito competitivos quando comparada com outras capitais europeias, com a vantagem de ser um destino cosmopolita, com grande notoriedade internacional, uma base de consumo diversificada e um turismo em expansão”, acrescenta Andreia Almeida.

O relatório da JLL demonstra ainda que os retalhistas globais mantêm um elevado nível de atividade na Europa, apesar das pressões inflacionistas e das condições macroeconómicas dos últimos anos. Nos primeiros nove meses de 2025, foram inauguradas 219 lojas nos 16 mercados estudados, apenas 11% abaixo do valor excecional registado em 2024. As novas entradas e primeiras lojas físicas representaram 26% das aberturas, demonstrando o foco contínuo dos retalhistas em mercados inexplorados, para obterem um crescimento lucrativo e diversificação das fontes de receita.

Porto e Lisboa estão muito bem posicionados para captar novos retalhistas internacionais e beneficiar dos planos de expansão das marcas já presentes no país. Há um apetite robusto dos retalhistas para reforçar a sua pegada física na Europa, olhando para cidades menos saturadas, mas com bons níveis de consumo privado, turismo sólido e custos de ocupação mais baixos. As cidades portuguesas reúnem todos estes fatores, com rendas 20% a 75% abaixo da maioria das cidades europeias, mas com perspetivas de crescimento de vendas semelhantes”, infere Andreia Almeida.