O setor de retalho está a revelar ser «o mais resiliente» de todas as classes de ativos imobiliários durante 2022, revela a Savills. Até ao momento, foram investidos 26,9 mil milhões de euros no setor de retalho europeu em 2022.
No terceiro trimestre deste ano, os volumes de investimento em retalho diminuíram 15% em comparação com o declínio da atividade de investimento registado nos setores de multifamily (-70%), de escritórios (-27%) e industrial (-17%), indica a consultora.
A Savills verificou que os volumes de investimento no setor retalhista aumentaram até setembro, de forma mais notória, relativamente à Roménia (+2421%), Espanha (484%), Finlândia (177%) e Portugal (170%). Em centros comerciais, o investimento representou 27% de toda a atividade de investimento de retalho, em comparação com 14% no período homólogo do ano passado.
«Nos últimos meses, o rápido aumento dos custos da dívida gerou uma pressão ascendente sobre as yields e, no terceiro trimestre deste ano, as yields dos centros comerciais prime atingiram um novo máximo de 5,52% (em média) em toda a Europa, (...) as yields de armazéns de retalho passaram para uma média de 5,27% na Europa e as yields de comércio de rua deslizaram 18bps para uma média europeia de 3,75%», revela a consultora.
Lydia Brissy, Directora da Savills European research, refere que «dado o aumento do custo da dívida e a crise verificada ao nível do custo de vida com efeitos na carteira dos consumidores, antecipamos uma nova subida das yields nos próximos 6 meses, particularmente para os ativos de comércio de rua e armazéns de retalho».
Marie Hickey, Director, Savills Retail Research, salienta que «esperamos ver mais marcas não europeias a preparar a sua estreia europeia em 2023, particularmente marcas de moda premium originárias da América do Norte e Austrália»
De acordo com a Savills, após a pandemia, tem-se verificado um aumento das estratégias centradas na cidade e em novos mercados como Dublin, Hamburgo e Oslo. A Europa do Sul também subiu na agenda para uma série de marcas aspiracionais.
Em média, as rendas de comércio de rua em artérias prime em toda a Europa estão 34% abaixo dos níveis do 4º trimestre de 2019, e -29% em Londres, revela a consultora.
Larry Brennan, Head of Retail, Savills EMEA, afirma que «somos de opinião que a procura deve permanecer relativamente resiliente no próximo ano, uma vez que os operadores procuram adotar as suas estratégias de pós-covid, mas os ventos contraditórios do mercado, tais como o custo crescente da dívida, os custos de energia e a redução das despesas de consumo, irão desafiar a rentabilidade de muitos ocupantes».
José Galvão, Retail Associate Director, Savills Portugal, frisa que: «o setor de retalho tem vindo a ser impactado, nos últimos 3 anos, por vários fatores conjunturais que desafiam a resistência de investidores e operadores. Do lado dos operadores, a adaptação dos negócios às novas tendências dos consumidores tem sido exemplar, com destaque para o setor da restauração. Apesar da incerteza macroeconómica há setores de atividade que pretendem expandir, aumentar área e crescer em 2023».