Este foi, aliás, o mote para a primeira sessão das Savills Break’FastTalks, que esta quinta-feira trouxe a Lisboa Marcus de Minckwitz, European Cross-Border – Logistics Ominichannel Retail Group da Savills UK, o keynote speaker desta manhã dedicada ao e-commerce e ao seu impacto nos mercados imobiliários europeus.
Explicando como o comércio online está a transformar todo o negócio imobiliário, o especialista mostrou como a ascensão do retalho online está a trazer para a ribalta o negócio de espaços logísticos na Europa, ao mesmo tempo que está a conduzir uma mudança sem precedentes no imobiliário de retalho. «Uma vez que a Amazon entre num mercado, vai mudá-lo radicalmente», afirmou.
Partindo do exemplo do Reino Unido, Marcus de Minckwitz, salientou que «à medida que aumentam as compras on-line, cai a experiência de compra física tem vindo a perder expressão», um fenómeno que, sublinhou, «está a ter um grande impacto no comércio de rua». Pois, diz, «à medida que o retalho se transfere para o online, haverá menos dinheiro disponível do lado dos retalhistas para pagar prémios de renda em lojas físicas».
Em contrapartida, fruto deste novo cenário, «a logística é hoje um setor sexy», e uma peça cada vez mais importante para o negócio dos grandes retalhistas que continuam a conquistar online. «Em todos os mercados onde o e-commerce está a crescer de forma mais acentuada, o setor industrial e logístico está a ter um desempenho excecional», notou.
Contrariamente ao que se verifica no caso dos retalhistas centrados apenas nos canais de venda físicos, para os novos players que dominam as vendas online, como a Amazon, o imobiliário representa um custo muito menos expressivo. A razão, explica, é que estas tomam essencialmente espaço logístico, cujas rendas são, como se sabe, substancialmente mais baixas, sendo o transporte o seu maior custo. É também por isso que, além dos grandes armazéns onde centralizam os stocks, há também uma procura cada vez maior por espaços logísticos de menor dimensão próximos aos centros de consumo, naquilo que é hoje designado de last mile logistics.
Olhando para o caso português, e embora o nosso país exiba hoje «um dos maiores potenciais de crescimento de comércio online a nível europeu, a sua localização periférica em termos geográficos não abona a favor do seu mercado logístico». Ou seja, contrariamente ao que se verifica no país vizinho, não é expectável que assistamos por cá a um boom da procura de grandes espaços por parte de e-retailers, que centram os seus grandes centros de distribuição em Espanha e, a partir daí, servem Portugal. Ainda assim, podemos vir assistir a um crescimento da procura por espaços de menor dimensão junto das principais cidades, numa ótica de entrega last mile, concluiu Marcus de Minckwitz.