Centros comerciais são um “catalisador para a regeneração urbana sustentável”

A conferência "APCC Summit - NextGen Retail Ecosystem", organizada pela APCC, debateu os principais temas da atualidade do setor do retalho organizado e dos centros comerciais. A conferência decorreu esta quarta-feira, 11 de outubro, no LX Factory.No período da manhã, após a sessão de abertura, Pedro Brinca, professor associado na Nova SBE, procedeu a uma análise das tendências económicas globais, referindo que existem três grandes causas da inflação: por conta das expetativas da inflação, «a economia é a única ciência onde o futuro afeta o presente», choques de procura e choques de oferta. «A expetativa do BCE é precisamente que a inflação, passados dois anos (objetivo do BCE), vai voltar ao objetivo do BCE», não obstante, «os mercados e os analistas profissionais estão de acordo com o BCE e são até mais otimistas relativamente à evolução da inflação: prevê-se que, em 2025, atinjamos os 2,3%», afirmou Pedro Brinca.Existem 173 centros comerciais em PortugalDuarte Cardoso Ferreira, Strategic Advisory Senior Director da CBRE Portugal, apresentou um estudo acerca do impacto dos centros comerciais em Portugal. «Falar de centros comerciais para a CBRE é um tema muito caro: têm mostrado uma resiliência muito interessante e um impacto muito relevante para a nossa economia. Os centros comerciais são responsáveis pela dinamização de várias regiões do país».Segundo um estudo divulgado esta quarta-feira pela APCC, no total, existem em Portugal 173 conjuntos comerciais, que correspondem a uma cobertura nacional de 3,8 milhões de metros quadrados. Os centros comerciais são responsáveis por cerca de 123.000 trabalhos diretos e 370.000 empregos indiretos. Quanto à sustentabilidade, 50% dos centros comerciais já têm algum tipo de certificação: «são um catalisador para a regeneração urbana sustentável em Portugal, sendo um verdadeiro motor de desenvolvimento económico e social», salienta Duarte Cardoso Ferreira.«Os centros comercias tornaram acessíveis determinados bens e serviços nas comunidades onde se inserem. Estes conjuntos comerciais têm vindo a adaptar-se para se posicionarem junto dos consumidores», afirma Duarte Cardoso Ferreira, acrescentando que «2023 estará próximo de 2019: o melhor ano de sempre na performance dos centros comerciais. 2023 tem tido um performance superior tanto a 2022 como a 2019, evidenciado a resiliência do setor».”A loja física tem um papel muito fundamental naquilo que é a experiência do utilizador”Portugal continua a ter das taxas mais baixas de penetração de E-commerce na União Europeia, «o nosso país prefere ainda o contacto pessoal, a loja física tem um papel muito fundamental naquilo que é a experiência do utilizador no setor do retalho».Na primeira mesa-redonda da conferência, debateram-se as vantagens competitivas da sustentabilidade. Nuno Lacasta, Presidente, APA - Agência Portuguesa do Ambiente, salienta que os centros comerciais «alteraram o nosso plano de urbanização» e «são um dos principais elementos que permitiram o rendimento da classe média nas últimas quatro décadas. Permitiu que todos nós pudéssemos manter um padrão de vida que, de outra forma, não poderíamos pagar».Centros comerciais são “líderes em eficiência”O responsável reforça que os centros comerciais são «líderes em eficiência: por exemplo, avançaram mais rapidamente que as habitações na instalação de painéis solares nos telhados». Em termos de reaproveitamento de produtos, Nuno Lacasta salienta que «não precisamos combater o uso de plástico, em vez disso, devemos promover ainda mais o uso de plástico reciclado. Devemos assegurar que os resíduos municipais possam ser reaproveitados na construção de novos produtos».Sofia Santos, professora associada do ISEG, refere «os investidores procuram cada vez mais ativos que atendam a critérios ambientais e que incorporem nas suas operações a necessidade de mitigar impactos sociais, ambientais e de direitos humanos». Neste fórum, poe exemplo, «as grandes empresas têm uma excelente oportunidade para perceber que a Corporate Sustainability Due Diligence Directive está, de facto, a exercer pressão sobre os membros do Conselho. Esta pressão não é algo abstrato; é uma responsabilidade dos conselheiros garantir, no mínimo, a inclusão destes temas», salienta.Para Sofia Santos «estamos a assistir a mudanças significativas. Quando falamos de sustentabilidade e responsabilidade social, devemos reconhecer que as questões climáticas e os direitos humanos estão a ser considerados como riscos financeiros para o setor financeiro. Atualmente, estamos a ver um aumento do foco dos bancos centrais na identificação do clima e da natureza como riscos financeiros».Por sua vez, Eike Haas, Accenture Sustainability, Strategy Manager and Switch Project Manager with WBCSD, assinalou que, em termos de otimização das operações, «muitas empresas de retalho estão a fazer progressos significativos, uma vez que isso representa uma vantagem direta em termos de custo-benefício. No que diz respeito à eficiência energética, a melhoria dos sistemas de ventilação e a adoção de iluminação LED para reduzir o consumo de energia têm sido amplamente exploradas, combinando todos esses aspetos».

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