Acrescentar valor ao próprio território e, numa visão mais alargada, à Área Metropolitana do Porto é um objetivo assumido pela Câmara Municipal da Maia que tem promovido esta valorização através da criação e ampliação das ARU’s. Uma estratégia que começou com a ARU do centro da Cidade da Maia e que se estende a mais 11 ARU’s, num plano cuja execução tem tido um forte impacto na paisagem urbana em, praticamente, todo o território do concelho.
Foi o impacto da ARU do centro da Cidade da Maia e o seu contributo para o reforço da coesão social do território que deram mote à conferência do dia 20 de junho, a 2.ª de um ciclo de três, e que contou com a moderação do arquiteto Tomás Allen.
Presente na ocasião, Mário Nuno Neves, Vereador do Pelouro do Planeamento Territorial da Câmara Municipal da Maia, sublinhou que «as paisagens urbanas funcionam como polos de atração ou de repulsa» e que «a paisagem urbana de sucesso, capaz de fixar e atrair, é aquela que consegue assegurar qualidade de vida». Um desígnio em que «o poder público tem de ser exemplo, estimulador, disciplinador e proativo», afirmou.
Na opinião do arquiteto João Paulo Rapagão, esse esforço é visível na Maia, onde «o espaço público é o alçado principal». Com origem rural e um crescimento rápido e marcado por assimetrias, a Maia «passou a entender a arquitetura como património capaz de qualificar o território». O especialista em planeamento e desenho urbano destacou a importância da ARU do centro da Cidade da Maia nesta transição, «uma centralidade, que é uma unidade feita de diversidade, que acaba por reunir um conjunto de equipamentos importantes, (…) onde o direito à cidade é real. Habita-se, trabalha-se, ensina-se, cultiva-se.». Uma centralidade que se estendeu com a ARU Expansão da Cidade, «expande-se porque vai buscar a habitação e isso é fundamental», sublinhou.
Conceição Melo, Presidente do Conselho Diretivo da Ordem dos Arquitetos da Secção Regional do Norte falou da importância da qualidade dos espaços públicos, como «espaços que habitamos», e a importância do «envolvimento das pessoas». «Qualquer operação de reabilitação que se fique só pelo edificado não é suficiente, porque os espaços são habitados e as transformações previstas exigem o envolvimento das pessoas». E este é um dos grandes desafios identificados pelos especialistas na prossecução dos planos de reabilitação urbana: «como é que podemos envolver as pessoas?», questionou o moderador da conferência Tomás Allen. Para Mário Nuno Neves, «se há vários parceiros que conhecem de fio a pavio as vantagens das ARU’s, a generalidade das pessoas se calhar não faz a menor ideia. Isto exige uma estratégia de comunicação, sobretudo dedicada às pessoas que estão completamente arredadas destes processos.». Na mesma linha, Conceição Melo destacou «a importância das equipas de proximidade, multidisciplinares, e capazes de envolver as pessoas na execução destes programas.». Isto porque «qualquer política pública, qualquer instrumento, para ser implementado tem de ser para as pessoas e com as pessoas.».
Próxima conferência decorre a 30 de junho
A última sessão do ciclo de conferências sobre a ARU do centro da Cidade da Maia decorrerá no dia 30 de junho e propõe uma “Retrospetiva da ARU do centro da Cidade da Maia”. A participação é gratuita e limitada aos lugares existentes, sendo a inscrição obrigatória através do formulário disponível, online.