Alavancado pela dinâmica do turismo, o número de imóveis afetos a alojamento local no mercado tem crescido de uma forma muito expressiva nos últimos anos. Contudo, desde o momento em que se instalou a pandemia foi notória a quebra no número de alojamentos e até a migração para outros usos.
De acordo com os números da Confidencial Imobiliário, no segundo trimestre de 2020, o Porto somava 4100 alojamentos ativos, um número que contraiu para 3000 alojamento no terceiro trimestre. Também Lisboa acompanhou esta mesma evolução, com uma queda expressiva de cerca de 5600 alojamentos para 3600.
«Esta trajetória da evolução da oferta não acontece por acaso, a pandemia afetou o turismo, em especial, e o alojamento local, em concreto», afirmou Ricardo Guimarães, Diretor da Confidencial Imobiliário. «Nós em fevereiro deste ano tínhamos uma taxa média de ocupação de 56% na cidade do Porto», referiu sublinhando que «esta é uma taxa bastante interesse para uma época como fevereiro».
«Em junho deste ano Lisboa tinha uma taxa média de ocupação de 4% e no Porto de 8%. Há uma recuperação no mês de agosto e no mês de setembro, ainda assim com médias de 24%, em Lisboa, e de 26%, no Porto, muito longe dos patamares registados há um ano. É a época alta completamente virada do avesso do ponto de vista daquilo que é atividade», rematou Ricardo Guimarães.
Miguel Nogueira, da NN Arquitectura, reconheceu «alguma esperança e fôlego nos meses de julho e agosto», mas que «de uma forma geral todos os interlocutores se mostraram preocupados».
Na opinião de Wilson Cardoso, da TopDomus, «a reconversão do alojamento e outras possíveis estratégias vão depender do imóvel em causa». «A grande maioria dos nossos imóveis estão localizados no Centro Histórico e são imoveis de grande valor patrimonial e, por isso, decidimos esperar e acreditar numa retoma». Reconheceu, contudo, que «há muitos imóveis afetos a alojamento local que têm de ser reconvertidos, quer pela dimensão, quer pelo não profissionalismo, quer pela localização».
Com efeito, desenham-se juridicamente várias alternativas para a reconversão do alojamento local. Tal como referiu Frederico Reis, da Telles Advogados, «há incentivos da parte do Governo para a reconversão do alojamento local, para os proprietários que queiram sair da exploração do alojamento local e queiram afetar os seus imóveis à habitação, como resposta à carência habitacional». Contudo, reconheceu que «alguns proprietários têm oferecido alguma resistência a aderir pela dificuldade das condições, pela rentabilidade muito inferior à aquela que existia até agora, pela longevidade dos contratos».
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