Em 2021, o volume de negócios mediado diretamente pela rede Century 21 Portugal e em partilha com outros operadores subiu 41% para os 2.766 milhões de euros.
Apesar da pandemia, também a faturação da imobiliária subiu 57% em 2021, face ao ano anterior, num total de mais de 76 milhões de euros. A rede cresceu também 30%, graças à assinatura de 26 novos contratos de franchising, somando agora as 184 unidades em operação e 3.880 colaboradores.
Foram realizadas no ano passado 16.312 transações de venda de imóveis na rede, mais 31% que em 2020. O valor médio dos imóveis transacionados subiu 7%, fixando-se nos 168.192 euros. Apartamentos T2 e T3 continuaram a ser os mais procurados pelos portugueses.
Por regiões, a Century 21 detalha que na maioria das cidades da Área Metropolitana de Lisboa, Área Metropolitana do Porto e Algarve, além das principais capitais de distrito, o preço médio de venda dos apartamentos superou em cerca de 19% a média registada em 2019, mesmo antes da pandemia.
Apenas Matosinhos e Loures não recuperaram ainda os valores médios registados antes da pandemia, mas a C21 espera uma subida dos preços este ano. Lisboa em particular registou uma descida do valor médio de transação dos apartamentos de -0,3%, em parte devido a uma diminuição da área útil média dos ativos, que desceu 4% para os 87 metros quadrados, face ao ano anterior.
Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal, comenta que «a subida dos valores médios de transação justifica-se pelo elevado nível de procura e pela escassez de oferta de imóveis residenciais, nos segmentos médio e médio baixo. Verifica-se um desafio crescente em termos de acessibilidade à habitação, que cada vez deixa mais jovens e famílias sem capacidade para aquisição de casa».
Aponta que «os atrasos na evolução e na entrega dos projetos de obra nova para os segmentos médio e médio baixo está, claramente, a condicionar o tão desejado equilíbrio de mercado entre a oferta e a procura. Por outro lado, a retoma da mobilidade veio ativar a procura internacional e a disponibilidade da banca em conceder crédito à habitação veio impulsionar a procura nacional, o que permitiu a realização de um número de transações no ano passado que superou as registadas em 2019 e 2020».
Operações de arrendamento crescem 51%
Por outro lado, o número de operações de arrendamento mediadas pela C21 foi de 4.034 negócios, mais 51% e 1.355 que as 2.679 registadas em 2020.
O valor médio dos apartamentos a nível nacional fixou-se nos 723 euros, mais 5,5% face aos 685 euros registados em 2020, ainda abaixo dos 747 euros de 2019.
Ricardo Sousa comenta que «o segmento de arrendamento é mais flexível e bastante responsivo às flutuações da oferta e da procura. É uma solução habitacional, sobretudo, para quem apresenta menor capacidade económica e opta pelo arrendamento como a alternativa possível, ou para famílias e jovens que procuram uma opção flexível e temporária de habitação. Com o expectável aumento das taxas de juro e diminuição dos prazos do crédito habitação, estima-se um forte aumento da procura por soluções de arrendamento no segundo semestre de 2022. É assim urgente e prioritário um combate à informalidade que caracteriza o atual mercado de arrendamento para que este segmento funcione eficazmente».
Procura vai manter-se, difícil será criar oferta
Em 2022, a C21 prevê que se mantenha a forte procura por habitação, até porque mais pessoas perceberam a necessidade de mudar de casa devido à pandemia. Vão ampliar os seus parâmetros de pesquisa e incluir os concelhos e zonas da AML fora da cidade de Lisboa, onde os preços sejam mais ajustados ao seu poder de compra, bem como a outros concelhos de Lisboa e Setúbal.
Devido à pandemia, muitas famílias fizeram uma “poupança forçada”, o que vai facilitar o início do processo de compra de casa. Os níveis de crédito deverão manter-se, e o imobiliário vai continuar mais atrativo, face a outros tipos de investimento.
Mas acentua-se a escassez de oferta em alguns mercados, nomeadamente no segmento médio e médio-baixo. Manter-se-á a falta de mão-de-obra, os aumentos dos preços das matérias primas, e também os longos ciclos do licenciamento e da construção não permitem entregar a oferta necessária, alerta a C21.
Por outro lado, a consultora destaca que há que «ter em atenção» questões como o esperado aumento das taxas de juro e à limitação da maturidade do crédito à habitação, o que pode provocar «uma potencial diminuição da procura». Além disso, as preocupações com a sustentabilidade e as metas de descarbonização vão obrigar a repensar as metodologias de construção, e a aumentar a eficiência energética dos edifícios. O cumprimento destes requisitos «vai implicar mais uma pressão de subida no custo de construção e no preço dos imóveis».