Há riscos associados ao mercado imobiliário residencial em Portugal, onde os preços são considerados «sobrevalorizados», mas as medidas tomadas até agora são «suficientes» para mitigar os seus efeitos.
Esta é uma das conclusões do relatório divulgado pelo Comité Europeu do Risco Sistémico (CERS), através do Banco de Portugal, sobre os resultados da avaliação transversal dos riscos e vulnerabilidades de médio prazo dos mercados imobiliários residenciais da Europa.
O risco associado ao mercado residencial em Portugal é considerado de nível médio, mas «a política macroprudencial implementada pelo Banco de Portugal foi considerada adequada e suficiente para mitigar os riscos identificados», cita o Banco de Portugal.
O CERS destaca que em alguns países, incluindo Portugal, os preços das casas continuaram a subir nos últimos anos, apesar da pandemia, e de forma «acentuada», aumentando o “gap” entre os rendimentos e os preços da habitação. «Este desvio é particularmente pronunciado na Dinamarca, Luxemburgo, Áustria, Portugal e Suécia», pode ler-se no relatório. Consequentemente, «os riscos de sobrevalorização aumentaram». Por outro lado, Portugal é um dos países onde os bancos estão a usar modelos internos de baixo risco.
O facto de o endividamento das famílias, que tinha vindo a descer, ter voltado a aumentar depois da pandemia, nomeadamente devido ao crédito à habitação, pode ser «uma fonte de fisco».
A identificação destas vulnerabilidades em todos os Estados-membros, Islândia, Liechtenstein e Noruega justifica-se com o facto de o setor residencial ser «importante para a estabilidade financeira e macroeconómica». Analisa as principais tendências em vários indicadores do imobiliário, assim como várias políticas macroprudenciais, e concluiu que «os fiscos de estabilidade financeira relacionados com o mercado residencial continuam a crescer em vários países no contexto dos riscos macroeconómicos relacionados com a pandemia de Covid-19, e mantiveram-se fortes dinâmicas nos preços, crédito à habitação e endividamento».
O risco associado ao imobiliário residencial mantém-se elevado em cinco países (Dinamarca, Luxemburgo, Noruega, Países Baixos e Suécia), 19 países apresentam um nível de risco médio e nos restantes países sujeitos a avaliação este risco foi classificado como baixo.
Entre os países onde a CERS identificou vulnerabilidades no mercado imobiliário que carecem de mais medidas estão a Bulgária, Croácia, Hungria, Liechtenstein ou a Eslováquia. Recomendações específicas foram enviadas aos líderes da Alemanha e da Áustria, que já tinham recebido avisos da CERS em 2019 e 2016, cujas vulnerabilidades na habitação se mantêm, apesar dos alertas.
A maior parte das vulnerabilidades encontradas foram consideradas de nível médio, e relacionam-se com o rápido crescimento dos preços da habitação e possível sobrevalorização destes imóveis, com o nível e dinâmica do endividamento das famílias ou com o crescimento do crédito à habitação.