No relatório da 12ª missão de avaliação pós-programa de ajustamento económico, divulgado esta semana, a Comissão Europeia destaca a «resiliência» do mercado imobiliário, apesar do abrandamento da subida dos preços este ano. Os preços subiram 7,8% no segundo trimestre, face ao ano anterior, desacelerando dos 8,9% registados no ano passado, e dos 10,3% registados no primeiro trimestre deste ano.
Depois do crescimento contínuo observado desde o final de 2013, que refletiu «a dinâmica do turismo e do investimento de não residentes», agora, «vários fatores apontam para uma nova desaceleração do crescimento dos preços da habitação, no curto prazo. O investimento na construção residencial continuou a aumentar no primeiro semestre de 2020 e é expectável que a oferta do mercado gradualmente se ajuste à procura. Além disso, a queda na atividade turística vai colocar mais pressão descendente sobre os preços, uma vez que o mercado de arrendamentos de curto prazo (AL) provavelmente não retornará aos níveis pré-pandémicos em breve», refere o relatório.
A Comissão Europeia deixa ainda uma nota de apreensão quanto aos verdadeiros efeitos da pandemia, notando que «as medidas adotadas pelas autoridades portuguesas e pela zona euro suavizaram o impacto inicial da pandemia no sistema financeiro português», como é o caso das moratórias bancárias, «ajudando as famílias e as empresas a ultrapassar necessidades de liquidez temporárias. Mas a incerteza quanto à materialização e magnitude destas disrupções na economia real e o seu impacto decorrente no sistema financeiro continua elevada», pode ler-se.
Mas Bruxelas destaca que «o sistema bancário português é hoje mais resiliente do que na crise financeira de há 10 anos, apesar de existirem hoje novas vulnerabilidades», como a rentabilidade dos bancos.