Os números esta terça-feira publicados pelo INE mostram uma desaceleração dos preços pelo segundo trimestre consecutivo. Esta subida homóloga é 0,7% inferior à registada no trimestre anterior. A variação trimestral foi de 0,5%, que comparam com a de 0,8% do 2º trimestre, o que atesta o abrandamento da subida dos preços.
No trimestre em causa, os preços das habitações existentes registaram uma taxa de variação homóloga de 7,4%, superior à de 5,8% dos fogos usados. Na comparação trimestral, os preços das casas usadas subiram 0,6%, e o das casas novas 0,1%.
Entre julho e setembro deste ano foram transacionados 45.136 casas, -1,5% face a igual período de 2019, e mais 35,1% face ao trimestre anterior (período de início da pandemia e de confinamento mais apertado). A variação homóloga foi de -2,6%, 0% e -1,8% em julho, agosto e setembro, respetivamente.
Já o volume de transações das habitações atingiu os 6.800 milhões de euros, mais 4,4% que em igual período do ano passado, sendo que agosto foi o mês em que o valor mais subiu, 7,3%, face a 2019, seguido pela variação de 4,5% de setembro e 2,1% de julho.
Destacando que entre janeiro e setembro se transacionaram 122.066 habitações, menos 7,7% face a igual período de 2019, Luís Lima, Presidente da APEMIP, comenta que «ao longo de 2020 o setor imobiliário conseguiu demonstrar resiliência, sobretudo neste terceiro trimestre que refletiu o momento mais otimista que se viveu depois do primeiro confinamento e em que se concretizaram negócios que já estavam planeados». Salienta que «há que ter em conta que no segmento habitacional, a procura interna manteve-se elevada, até pela não existência de uma verdadeira alternativa no mercado de arrendamento. Ainda assim, o imobiliário sentiu o impacto da crise pandémica que se reflete na quebra de transações face ao ano anterior», analisa.
Luís Lima acredita que «é expectável que os números do quarto trimestre não sejam animadores, pois estarão espelhadas as incertezas decorrentes da segunda vaga da pandemia, que terão impacto no número de negócios efetuados. As empresas têm-nos dado nota de que o a partir do final de setembro se sentiu um arrefecimento do mercado, motivado por um novo ciclo de incerteza que afetou a confiança dos potenciais compradores».
Sem apontar números, avisa ainda: «a determinada altura, a instabilidade económica e laboral refletir-se-á na procura e nas transações, o que terá um efeito travão, como já se espera a partir do último trimestre do presente ano».
Lisboa perde quota no número de transações
No terceiro trimestre do ano, 60,9% do número total de habitações transacionadas concentrou-se na Área Metropolitana de Lisboa (14.141) e na Região Norte (13.351). É o peso relativo conjunto mais baixo desde o primeiro trimestre de 2015, para o qual contribuiu sobretudo a redução de 2,5% na quota relativa regional, em termos homólogos, da Área Metropolitana de Lisboa.
Esta região registou uma redução de 8,7% no número de transações, e de 2,8% no valor.
Por oposição, a região Centro aumentou o seu peso relativo do conjunto, somando as 9.631 transações, num total de 21,3%. Também o Alentejo e a Madeira registaram aumentos homólogos das suas quotas de 0,4% e 0,2%, respetivamente.
A zona de Lisboa registou também uma descida do seu peso relativo em valor de transações, que somaram os 2.900 milhões de euros (43,3% do total), menos 3,2% face ao peso relativo de 2019, no mesmo período. Aumentaram as quotas relativas do Algarve (0,9%) e do Alentejo (0,5%).
No período analisado, 4 regiões registaram uma subida homóloga do número e valor das vendas de habitação, com a Madeira a destacar-se com as variações homólogas mais expressiva, de 10,2% e 21,8%, respetivamente. No Centro, o número de transações subiu 6,1%, e o volume 9,6%. No Alentejo e no Norte, as taxas de variação foram de 3,6% e 0,4% em número, e de 16,4% e 8,9% em valor, respetivamente.
Entre julho e setembro venderam-se menos casas no Algarve, numa redução de 0,9% no número de transações. Mas o valor aumentou 14%.