O setor privado representa 54% da oferta hospitalar em Portugal, dispondo de 131 hospitais com cerca de 11.700 camas, revela o estudo Portuguese Healthcare and Senior Living, divulgado pela CBRE Portugal, que nota um dinamismo crescente no mercado português.
Em 2050 mais de um terço da população portuguesa será idosa e Portugal será o 3º país mais envelhecido da União Europeia. Em 2020, 23% da população portuguesa tinha mais de 65 anos comparando com 21% na UE, porém é expectável que até 2026 esta percentagem em Portugal cresça para 34%.
Em Portugal existem 243 hospitais que em conjunto somam mais de 36.000 camas. Entre 2014 e 2017 o número de hospitais manteve-se estável porém, desde então, aumentou 8% com a abertura de 18 novas unidades, sendo que apenas uma delas foi desenvolvida pelo setor público.
O mercado privado de saúde está assim a crescer significativamente: mais procura de cuidados, mais vidas cobertas por seguros de saúde e menos resposta da oferta pública – com graves problemas estruturais (encerramentos de emergência, capacidade de resposta limitada em diversas especialidades, tempos de espera significativos , etc.).
No âmbito da operação por privados, 35% do total das camas estão nas mãos de 5 principais operadores: Trofa Saúde, Luz Saúde, José de Mello, Lusíadas e Grupo HPA Saúde. Um dos motivos pelos quais se apresenta tão atrativo investir no setor dos cuidados de saúde prende-se com o rácio de cama por habitante pois se na Europa este rácio é de 5,3 camas por cada 1.000 habitantes, em Portugal situa-se nas 3,5 camas por 1.000 habitantes.
Analisando agora as unidades de cuidados continuados, o estudo da CBRE indica que existem 377 unidades dedicadas aos mesmos, com um total de 9.771 camas, porém alerta que apenas 2% destas camas estão no setor público, sendo os outros 98% operados por entidades sem fins lucrativos, como a Santa Casa da Misericórdia, IPSS ou privados.
José Moutinho, responsável pela área de research na CBRE Portugal indica que «a falta de camas no serviço nacional de saúde é bastante severa, particularmente nos distritos de Lisboa e Porto. Em 2023 existiam mais de 1.800 pessoas a aguardar por uma cama em cuidados continuados e é previsível que este número venha a aumentar, o que obrigará também a um incremento significativo na oferta».
Já no âmbito das residências sénior, comumente designadas por lares, verificam-se 2.632 unidades em Portugal, sendo que 25% das mesmas são operadas por empresas privadas. A taxa de ocupação dos lares em Portugal é de 91,8% e 70% dos utilizadores esteve nestas unidades por um máximo de 5 anos, enquanto 10% esteve numa destas estruturas durante 10 anos ou mais.
Igor Borrego, Head of Capital Markets da CBRE acrescenta que «em Portugal, nos anos de 2020 e 2021, transacionaram-se três importantes portefólios e apesar de desde então não se terem registado transações nestes setores, existem algumas operações em pipeline que ultrapassam os 50 milhões de euros. Acredito que o investimento venha a crescer significativamente no futuro e este setor assista à entrada de novos investidores e operadores internacionais atraídos pela oportunidade que Portugal representa como país».
9 principais fatores que privilegiam o investimento neste setor
A consultora destaca nove fatores que favorecem o investimento no setor: o aumento de idosos e dependentes, o desequilíbrio entre oferta e procura, a falta de cuidados especializados, a ampla cobertura de seguros de saúde, o potencial de expansão do setor, oportunidades de investimento devido à ligação entre propriedade e operação, o poder de compra dos pensionistas, a atratividade de Portugal para reformados estrangeiros e a estabilidade de investimentos em residências sénior e clínicas de cuidados especializados a longo prazo.