A conjugação de fatores como a procura de melhores condições de vida pelos cidadãos séniores e o aumento da esperança média de vida têm feito deste segmento uma oportunidade de negócio em Portugal, com uma aposta crescente na criação de residências adaptadas para esta franja da população, mas que oferecem um leque de serviços diferenciadores e de qualidade, distanciando-se dos comuns lares de 3ª idade.
Em Portugal, a maioria da oferta de assistência e cuidado à população idosa é assegurada pelas chamadas ERPI’s (Estrutura Residencial para Pessoas Idosas), vulgarmente designados Lares de Terceira Idade, Instituições e Misericórdias direcionados para os seniores que possuem um grau de autonomia reduzido e que precisam, constantemente, de cuidados e apoio médico.
Contudo, o mercado nacional tem assistido nos últimos anos à entrada de operadores privados que estão a apostar na criação de residências privadas diferenciadas destas ERPI’s, com mais serviços e cuidados prestados, e instalando a sua atividade em localizações com maior poder de compra e com maior densidade populacional, como é o caso dos mercados de Lisboa e Porto.
De acordo com a Savills, atualmente existem em Portugal 64 residências que se enquadram neste novo conceito de sénior living, promovidas e geridas por privados. Valorizando a aposta na qualidade e inovação, estas unidades contemplam uma gama de ofertas tão variada como suites privadas, piscinas, salões de festas, lavandaria, restaurante ou cinema. Para além do lazer, disponibilizam cuidados de saúde como salas de fisioterapia, gabinetes de estética, farmácias, serviços de enfermagem, planos individuais e assistência de geriatria. Para que todos estes cuidados estejam à disposição dos utentes, as residências realizam vários acordos hospitalares, assegurando deste modo a qualidade dos serviços disponíveis.
Adicionalmente, nota a Savills, existem também no mercado modelos mistos, que integram uma oferta ligada à Rede Nacional de Cuidados Continuados (RNCC) e camas destinadas a oferta privada.
Entretanto, o mercado português conta já com alguns operadores privados de grande dimensão, com destaque para o Grupo Orpea, Grupo José de Mello Residências, Grupo Luz Saúde e Grupo Residências Montepio, exemplifica a consultora.
Embora reconhecendo que a atual conjuntura pandémica poderá levar a uma recalendarização nas intenções de investimento e expansão, a Savills avança que são vários os promotores que continuam a apostar na expansão dos seus modelos de oferta residencial sénior. O Montepio, Amera, Clece, Grupo BF e Grupo Mello lideram as intenções de abertura de mais unidades residenciais.
Oferta de lares aumentou 81% nos últimos vinte anos
Nos últimos vinte anos, entre 2000 e 2020, a capacidade de resposta dos lares e residências seniores aumentou cerca de 81% no nosso país. Lisboa e Porto são os distritos com mais ERPI´s, representando 24,7% da oferta total de camas a nível nacional; com 24.393 camas distribuídas por 618 residências.
Já o Algarve, que se tem destacado pelo elevado crescimento da população idosa estrangeira, apresenta uma taxa de ocupação mais elevada comparativamente aos mercados de Lisboa e Porto, embora com menor número de equipamentos disponíveis. No distrito de Faro foram contabilizadas 84 residências seniores, num total de 3.810 camas e uma taxa de ocupação de 95,4%.
As residências focadas na população estrangeira são uma oportunidade de negócio identificada pela Savills, especialmente em localizações perto de zonas costeiras. Além disso, acrescenta a consultora, a compra de habitação por compradores com mais de 65 anos poderá representar uma oportunidade interessante para o segmento de senior living, assente nos argumentos que colocam Portugal numa posição dianteira entre os países mais atrativos para passar os anos de reforma.
Dois anos depois de ter registado a venda dos primeiros ativos imobiliários de senior living, mas ainda longe dos volumes de investimento verificados em mercados maduros europeus, «Portugal reúne todas as variáveis de sucesso para atrair investidores e operadores internacionais de renome e posicionar-se na corrida para ser um dos destinos europeus mais fortes deste segmento imobiliário», conclui o estudo da Savills.
Os principais investidores que chegarão ao nosso mercado serão um misto de estrangeiros e nacionais, ainda que, numa primeira fase, se possam basear maioritariamente na exploração de espaços próprios.