O take-up de espaços no setor industrial e logístico, na Europa, somou 37,5 milhões de m² em 2022. De acordo com os dados apurados no último European Logistics Outlook da Savills, apesar do clima de incerteza económica, este valor atingido significa um decréscimo de apenas 6% comparativamente aos 40,2 milhões de metros quadrados de 2021.
Para 2023, os especialistas constatam que o segmento de Indústria & Logística manterá a sua elevada dinâmica. Pedro Figueiras, Industrial & Logistics Director, Savills Portugal, indica que «a Logística continua a registar intenções de ocupação recorde e a pressão sobre ocupação e rendas dever-se-á manter altista. Por sua vez, serão lançados no mercado mais de 300.000 m2 afetos a novos projetos ou projetos requalificados, que darão resposta aos elevados níveis de procura que há muito se verificam em Portugal».
O especialista infere, assim, que 2023 «será um ano de oportunidades e desafios, mas será também o ano onde o segmento de Indústria & Logística continuará com elevada dinâmica».
Portugal entre os países com os resultados mais robustos
Numa análise por regiões, a Savills indica que a diminuição dos níveis de take-up tem sido relativamente moderada na generalidade, com a exceção de grandes aumentos homólogos em mercados mais pequenos, como Dublin, Madrid e Roménia.
O relatório aponta que a maioria dos mercados superou as suas médias de cinco anos, mesmo com uma redução do take-up em comparação com o 4º trimestre de 2021: Portugal (+94%), Roménia (+62%) e Espanha (+57%) registaram os resultados mais robustos, a passo que a França (-4%) foi o único mercado a ficar aquém.
Os números da Savills mostram que a ocupação global em 2022 foi ainda 18% superior à média dos últimos cinco anos.Em 2022, por conta concorrência por um stock limitado, as rendas prime em toda a Europa assistiram a um aumento de 11%
Andrew Blennerhassett, associate da equipa de research pan-European industrial & logistics da Savills, refere que «com as taxas de disponibilidade atuais, e sem sinais de um excesso de oferta no pipeline da construção, há um risco reduzido de assistirmos a uma correção acentuada nos valores de arrendamento, mesmo se enfrentarmos uma desaceleração mais forte do que o previsto».
Setor da logística continuou a ser uma “classe apelativa de ativos”
Do ponto de vista do investimento, os dados da Savills mostram que o setor da logística manteve-se como uma classe apelativa de ativos, com volumes de transações num total de 54,5 mil milhões de euros, representando uma quebra de apenas 18% em termos homólogos.
Para Marcus de Minckwitz, head de indústria e logística EMEA da Savills, «embora tenhamos observado uma atividade considerável no primeiro semestre de 2022, houve uma desaceleração significativa em toda a Europa até meados do ano, sobretudo devido ao aumento das taxas de juro e ao consequente aumento dos custos de financiamento. Os níveis de atividade recuperaram novamente durante o 4º trimestre de 2022, à medida que os mercados financeiros estabilizaram e, a partir de 2023, os principais dados e indicadores económicos como de mercado foram também muito melhores do que o previsto, o que levou a uma melhoria significativa do sentimento geral».
O responsável acrescenta ainda que «à medida que o ano avança, ainda há ventos contrários a enfrentar e todos os olhos estarão voltados para os mercados de ocupação daqui em diante. No entanto, acreditamos que as perspetivas positivas que vimos até agora se traduzirão na procura contínua de ocupantes e na permanência das reduzidas taxas de disponibilidade».