Restrições ao alojamento local já tiveram impacto nos preços

Restrições ao alojamento local já tiveram impacto nos preços

A aplicação de zonas de contenção e restrições ao mercado do alojamento local contribuíram para a descida dos preços dos imóveis e também das vendas, nomeadamente em Lisboa, conclui o estudo “O mercado imobiliário em Portugal”, apresentado esta semana pela Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Os novos registos de AL estão suspensos em 14 freguesias de Lisboa por mais 6 meses, e já estavam limitados desde 2019 nas zonas do centro histórico, com mais pressão sobre o mercado da habitação. O estudo conclui que «após a implementação da proibição parcial de novos registos em Lisboa, venderam-se menos cerca de 20% de casas e houve uma redução de 9% dos preços dos imóveis nas zonas onde a proibição entrou em vigor», cita o Expresso.

Os autores deste estudo destacam que, apesar dos efeitos consideráveis do turismo e do alojamento local de curta duração no mercado imobiliário e nas cidades, «estes fenómenos não parecem ser suficientes para explicar, por si só, o aumento dos preços da habitação», e que o problema da habitação nas grandes cidades «deve ser enfrentado com um conjunto alargado de políticas públicas complementares».

Entre 1989 e 2007 os preços das casas subiram em média 1% ao ano em Portugal. Entre 2008 e 2020, o aumento foi de 1,5%, em média. No entanto, desceram 4% entre 2008 e 2013, e subiram mais de 6% entre 2014 e 2020, em média.

Só entre 2015 e 2018 os preços subiram mais de 25%, mais 10% que a média da zona euro. Para os autores, «isto demonstra que apesar de o investimento residencial ser de facto menos volátil que o investimento não residencial, contribuindo assim para uma menor volatilidade do PIB, a verdade é que na década passada os preços da habitação foram muito mais voláteis em Portugal do que na zona euro».

«A forte interação entre o mercado de habitação e a economia não se dá tanto através de investimento residencial, mas sim através de outros mecanismos, como os de propagação para o setor financeiro e os de amplificação de choques agregados», refere ainda o estudo.