Novas diretivas europeias trazem revolução na renovação de edifícios

Na passada quinta-feira, 19 de maio, realizou-se o Pequeno Almoço Editorial, organizado pela Vida Imobiliária. O encontro sucedeu-se no Hotel Real Palácio, em Lisboa, com o tema "Sustentabilidade Inteligente no Imobiliário" em mesa.Estiveram presentes vários intervenientes, em representação das suas respetivas entidades, do setor da construção e do imobiliário em geral. António Gil Machado, Diretor da Vida Imobiliária, introduziu o debate com o tema relativo às novas Diretivas Europeias do Desempenho Energético para os edifícios, um assunto atual que tem sido alvo de debate em diversas conferências e sessões do imobiliário, pelas implicações que vai ter e subsequentes medidas necessárias que terão de ser tomadas.Desempenho energético dos edifícios em PortugalRui Fragoso, Head of Projects Department na Adene, numa apresentação objetiva, abordou este tema das novas diretivas europeias para o desempenho energético dos edifícios, dando um panorama geral dos edifícios em Portugal e do seu nível de certificação. Caracterizando a diretiva como algo de «espeto positivo, mas ao mesmo tempo negativo, pois é obrigatória», refere que «temos 2 milhões de certificados emitidos e muitas melhorias identificadas pelos peritos qualificados», atenta Rui Fragoso. Segundo os dados que apresentou, relativos à distribuição por classe energética e tipo de edifício, sabendo de antemão que até 2030 todos os edifícios novos vão ter carbono zero, é de sublinhar que apenas 15% dos edifícios de habitação, em 2021, tinham nível de certificação A+ ou A. Já nos edifícios de comércio e serviços, somente 18%, em 2021, tinham nível de certificação A+, A ou B, os únicos que cumprem assim as novas diretivas.Tendo em vista este «novo standard para edifícios novos», edifícios que emitem zero carbono, Rui Fragoso refere que é fundamental «a renovação dos edifícios, com padrões mínimos de desempenho energético, a modernização e integração de sistemas, juntamente com um financiamento sustentável e alívio da pobreza energética». Referindo-se ao facto de que «a diretiva permite que os Estados-Membros possam criar os seus quadros mais favoráveis aos modelos: cada estado-membro tem a sua escala», sendo que «alguns estados-membros, como é o caso da Alemanha e Bélgica, não arrendam casas se tiverem um mau desempenho em termos de desconforto», Rui Fragoso refere que «da parte dos bancos ainda há algumas restrições a estas mudanças», em contraponto, António Gil Machado, sublinha que «há muita pressão para que mudem». O representante da Adene abordou ainda o tema da ELPRE como sendo «o motor para transformar o edificado existente. Temos que passar para um desenho inteligente destes fundos conjugando com a questão dos bancos e da dimensão fiscal positiva».Investimento nos imóveisMiguel Santana, Board Member na Fidelidade Property, referindo-se ao investimento, assinala que «analisamos o nosso portfólio e olhamos para aqueles que valem ou não a pena investir», sendo que «podemos ter imóveis que depois não têm posição no mercado, por isso, não podem ser arrendados». Acrescenta ainda que, nos dias de hoje, temos que dar o «twist nas dificuldades que enfrentamos», se não «temos de largá-los», referindo-se aos edifícios onde não é possível haver esse «twist» em termos de cumprimento das novas diretrizes.Henrique Rodrigues da Silva, Chief Operating Officer na Norfin, alega que «tudo aquilo que se faz nos imóveis tem que ser efetuado em alinhamento com os nossos arrendatários», frisando que «estamos conscientes de que o mundo mudou e estamos a tentar correr para apanhar o comboio em andamento». Acrescenta ainda que «hoje em dia tem muito que ver com o nosso business plan, saber que de facto temos de investir mais do que investimos no passado, não com o objetivo de vender, mas de dar resposta a estes problemas».

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