«A reavaliação do preço das propriedades deverá acelerar e estará assente mais nas rendas do que nas yields», alerta David Hutchings, Head of Investment Strategy EMEA na Cushman and Wakefield, que revela ainda que, neste panorama, vão ser «os ativos secundários que mais vão sofrer».
Foi esta quinta-feira, no âmbito do webinar “What’s Next for European real estate investments?”, organizado pela mesma consultora, que David Hutchings revela ainda que em termos de transações e de procura o sentimento de mercado tem vindo a evoluir de forma positiva. Já «os preços e a dívida permanecem em território negativo e têm sido muito mais lentos a melhorar», assinala na ocasião.
Estes resultados surgem num momento em que o investimento imobiliário no espaço europeu já começa a dar os primeiros sinais de recuperação e, em paralelo, já se assiste a uma evolução positiva do sentimento de mercado na Europa, embora não linear de país para país.
A estratégia dos investidores deverá estar agora assente em diferentes fatores que podem dividir-se em três grupos. O dos que ressumem as aprendizagens desta crise, como é o caso do investimento em saúde, os estímulos fiscais e a valorização do baixo risco. Outro grupo engloba as questões que a pandemia colocou na ribalta e sobre as quais é preciso pensar: o e-commerce, a acessibilidade, e o paradoxo centralizar ou descentralizar. E, por fim, há um outro conjunto de temas que voltaram à agenda dos investidores com a pandemia, como é o caso das alterações climáticas e demográficas dos países.
Residencial e Logística são os vencedores da crise
Em relação aos diferentes segmentos do imobiliário, os resultados do mesmo inquérito mostram que o retalho e hotelaria continuam no vermelho, enquanto o sentimento de mercado em relação aos escritórios melhorou ligeiramente e o residencial e a logística continuam no pódio.
Sobre o futuro do retalho, David Hutchings acredita que haverá «uma descentralização do investimento no período de recuperação. Estamos a passar um momento em que os retailers estão a lutar para manter os seus negócios ativos, mas haverá alguns que não vão resistir e, por isso, haverá oportunidades no mercado», acrescenta prevendo ainda que, como consequência, «no futuro vamos ter menos espaços de retalho do que temos hoje».
Já o que o futuro guarda para o segmento de escritórios parece ser bem diferente. E a flexibilidade será a palavra de ordem. Na opinião de James Young, Head of Investor Services EMEA na Cushman & Wakefield, «o papel dos escritórios vai mudar» e explica que «embora os escritórios continuem a ser importantes para as empresas, os seus usos deverão mudar e o mais provável é que haja uma combinação entre o trabalho no escritório e o teletrabalho». O que é certo é que neste segmento «o arrendamento flexível fará parte do seu futuro», garante.
Enquanto se assiste a um «aumento de transações de unidades logísticas por toda a Europa», Stephen Screene, Head of Global Capital, EMEA Capital Markets, assume que o residencial e, em especial, o seu mercado de arrendamento foi uma «surpresa e que vai ser um setor muito ativo». O apetite dos investidores também deverá voltar-se agora para ativos que alojem life sciences e data centres, avança.
A verdade é que se prevê que em termos de oferta o mercado imobiliário europeu irá conhecer uma época «mais dinâmica do que antes do Covid-19», já que se estima que haja um aumento de players motivados, revela David Hutchings. Isto será especialmente verdade se não voltar a haver bloqueios de mercado derivados da pandemia. Se estas condições assim se reunirem, a Cushman & Wakefield acredita que a «atividade imobiliária será forte em 2021».