Confirmando um agravamento do sentimento e das perspetivas de mercado, 45% dos estabelecimentos hoteleiros que participaram neste barómetro pretendem encerrar portas até ao final do ano ou então já estão encerrados. O Algarve, Lisboa e Madeira serão regiões mais afetadas, perspetivando-se que aí os encerramentos sejam superiores a 50%.
«É brutal a percentagem de hotéis que ou já estavam encerrados em novembro ou que pretendiam encerrar até ao final do ano», observa a presidente-executiva da AHP, Cristina Siza Vieira.
Em média, estes estabelecimentos estarão encerrados 4,1 meses, com a maioria (46%) das unidades a prever reabrir portas em março, sendo que apenas 10% dos inquiridos pretende reabrir antes. Ainda assim, 16,9% apontou a reabertura só para o 2º trimestre de 2021, ao passo que 23.7% admite não ter ainda uma previsão de abertura. Entre os respondentes, apenas um inquirido afirmou que não vai voltar a abrir portas, embora a AHP sublinhe que que não trabalha com empresários em nome individual.
A presidente-executiva da AHP notou, contudo, que o tempo de encerramento não é uniforme geograficamente, sendo os Açores e o Algarve os destinos mais impactados, prevendo períodos de encerramento superiores à média nacional, de 7 e 5 meses, respetivamente.
Além disso, realçou também que «os grupos hoteleiros são os que mais estabelecimentos encerram, cerca de 56%, comparativamente às unidades geridas em stand-alone; o que não surpreende pois têm mais massa crítica e conseguem gerar outras economias de escala». «Este fenómeno é ainda mais relevante no Algarve e em Lisboa», onde os grupos pretendem fechar 78% e 62% dos seus hotéis, respetivamente, acrescentou Cristina Siza Vieira.
Relativamente aos estabelecimentos que se mantêm abertos, a AHP estima uma redução de 72% da oferta disponível de unidades de alojamento, ou seja, não estarão a funcionar em plena capacidade nos próximos meses.
Apresentados hoje, os resultados do Inquérito Flash «Encerramentos na Hotelaria 2020/21» foram apurados a partir dos inquéritos realizados entre 13 e 30 de novembro junto de uma amostra de 545 estabelecimentos turísticos associados ou aderentes ao AHP Tourism Monitor.
Perdas da hotelaria nacional ascendem a 80% em 2020
As respostas, nota a presidente-executiva da AHP, Cristina Siza-Vieira, vêm confirmar «o agravamento das perspetivas dos hoteleiros portugueses, depois de o inquérito realizado no verão ter evidenciado um maior otimismo».
Reconhecendo que a partir de março, «este foi um ano perdido» para a hotelaria, a líder da AHP mantém as projeções que estimam uma perda de 80% nas dormidas, o que traduz por menos 46,4 milhões de dormidas perdidas, e uma queda de 80% nas receitas, um total de 3.600 milhões de euros em receitas perdidas para a hotelaria.