Foi o que garantiu Luís Gamboa, COO da VIC Properties, participando no painel “O Impacto da Covid-19, Desafios e Oportunidades”, parte do SIL Investment Pro, que decorreu a 8 de outubro: «Não fizemos alterações de planos ou atrasos nos nossos lançamentos. Durante a pandemia, aumentamos a velocidade da nossa “máquina”, nomeadamente com a compra da Herdade do Pinheirinho, e avançaremos o projeto da Matinha logo que os licenciamentos o permitam».
Na mesma linha, Pedro Silveira, CEO do Grupo SIL, admitiu que o grupo tem registado um abrandamento nas reservas ou no número de transações, mas «a nossa intenção de investimento não mudou nada. Vamos fazer todos os lançamentos que tínhamos previstos, e as segundas fases poderão arrancar mais tarde».
Para o Grupo SIL, «a estratégia continua a ser investir nas crises e esperar pela bonança, que vem sempre a seguir à tempestade, e vice-versa. Se conseguirmos fazer boas aquisições, se isso estiver ao nosso alcance, iremos aproveitar esta pequena crise (acreditamos que vai durar pouco tempo) para fazê-las. Isso não vai alterar o nosso plano de desenvolvimento».
Nuno Malheiro, do Focus Group, regista «um aumento significativo dos projetos na área da mobilidade suave em várias zonas do país e na área do planeamento urbano», apesar de alguns abrandamentos de clientes hoteleiros. E acredita que «há mais perspetivas de compra de habitação fora dos grandes centros urbanos, pelas pessoas que possam estar mais em teletrabalho».
O responsável acredita que «nos próximos 3 a 5 anos vamos ter muito trabalho, não só os arquitetos, como os engenheiros e empresas de construção. A vinda dos fundos comunitários faz com que Portugal tenha de gastar 3 a 4 vezes mais do que gastava, e temos muitos recursos humanos que abandonaram o país ou a atividade».
Mais impacto tem sentido o setor do turismo. João Pessoa e Costa, do Grupo Fernando Martins, testemunha que neste «momento de incerteza» uma das questões mais preocupantes para as cadeias hoteleiras é o arrendamento, que não tem moratórias previstas como a habitação ou os centros comerciais, e «muitos dos grandes grupos hoteleiros arrendam em Portugal. As taxas de ocupação, mesmo as dos grupos internacionais, estão muito reduzidas. Enquanto não tivermos aeroportos, voos e turistas, as taxas continuarão entre os 10% e os 30% em Lisboa, com os preços tendencialmente a baixar». Por isso, prevê «algumas mudanças de uso e adiamento dos investimentos».
Redesenhar a cidade depois da pandemia
Participando neste debate moderado por António Gil Machado, diretor da VI, o arquiteto João Paciência manifestou a sua convicção de que «arquitetos, promotores, paisagistas, todos terão de se juntar» para ultrapassar esta situação.
«Temos todos de dar as mãos, repensar como desenhar a nova cidade, nomeadamente novos espaços em que se possa viver em comunidade mas também trabalhar, e diminuir o tempo de deslocação trabalho-casa». E recorda: «a casa não se compra sozinha, compra-se também o jardim, as vistas, a rua, a ventilação». Acredita que o caminho a seguir passa pela promoção de residências de estudantes e sénior.