Portugal com a descida mais acentuada do crédito malparado na Europa

Portugal com a descida mais acentuada do crédito malparado na Europa
Fotografia de Freepik.

Portugal registou, no último ano, a maior descida do crédito malparado da Europa, segundo a mais recente edição do estudo ibérico “Investing in NPL in Iberia”, da Prime Yield. Entre o segundo trimestre de 2024 e o mesmo período de 2025, o stock de crédito em incumprimento caiu 15,7%, fixando-se nos 4.300 milhões de euros, o valor mais baixo em dez anos.

Hoje, o malparado representa apenas 2,1% do crédito ativo no sistema financeiro português – ainda ligeiramente acima da média europeia (1,8%), mas muito distante do cenário de 2015, quando atingia 19,6% e rondava os 41 mil milhões de euros, quase dez vezes mais do que o volume atual.

Segundo os dados da European Banking Authority (EBA), Portugal detém hoje apenas 1% do total de NPL da Europa, posicionando-se entre os países com menor stock deste tipo de crédito.

A redução do crédito malparado em Portugal e também em Espanha reflete a dupla circunstância do aperto das restrições na concessão de crédito pós crise financeira e a forte dinâmica de venda de carteiras deste tipo de NPL nos últimos anos. Estamos atualmente perante dois mercados maduros em termos de venda de NPL, cujos sistemas financeiros desalavancaram fortemente nos últimos anos, pelo que, naturalmente, as transações deste tipo de ativo de investimento tendem a registar níveis distantes de outros anos”, comenta Francisco Virgolino, Diretor Geral da Prime Yield.

Atividade de venda de NPL estabiliza em Portugal

Após um 2024 marcado pela operação histórica de venda da carteira Projeto Cascais, avaliada em 4,2 mil milhões de euros, o mercado português de crédito malparado (NPL) apresenta este ano sinais de estabilização.

Até setembro deste ano, as transações somam cerca de 1,4 mil milhões de euros, superando já o volume registado em 2024, que, excluindo o Projeto Cascais, se fixou nos 1,1 mil milhões. Ainda assim, a Prime Yield antecipa que o valor final de 2025 possa ser mais elevado, com várias operações ainda em fase de conclusão.

A nível europeu, o volume agregado de crédito em incumprimento caiu 0,2% no segundo trimestre de 2025, totalizando 372.600 milhões de euros. Embora a variação seja modesta, marca uma inversão face à tendência de aumento observada nos dois anos anteriores. Metade dos países europeus apresenta atualmente estabilidade nos volumes de NPL, enquanto alguns – como França e Alemanha – ainda registam subidas. Em contrapartida, outros importantes mercados, como Espanha, Itália, Países Baixos, Grécia e Portugal, continuam a reduzir significativamente os seus níveis de crédito malparado.

Nova fase no mercado ibérico de NPL

O estudo da Prime Yield aponta para uma nova fase no mercado ibérico de NPL. Portugal e Espanha encontram-se agora em estágios de maturidade distintos – com o primeiro a estabilizar a atividade e o segundo a registar uma retração mais acentuada.

Em termos futuros, apesar do declínio na atividade de vendas de NPL na Península Ibérica em 2025, tanto Espanha como Portugal continuam a destacar-se como mercados de investimento relevantes, levando a estratégias mais seletivas por parte dos investidores. No entanto, o forte interesse em ativos de alto rendimento sugere que os investidores especializados continuam ativos”, infere Francisco Virgolino.