Porto é o distrito com maior carência de residências para seniores

Porto é o distrito com maior carência de residências para seniores

Portugal é um dos países mais envelhecidos do mundo, com 2,5 milhões de pessoas com mais de 65 anos, entre os cerca de 10 milhões de habitantes. Esta realidade coloca o país perante desafios significativos, sendo a falta de Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas (ERPI) um dos maiores, especialmente no distrito do Porto, que enfrenta uma das maiores carências de camas para seniores.

Segundo dados da Via Senior, baseados no Instituto Nacional de Estatística, mais de um terço da população idosa encontra-se nos distritos de Lisboa (20%) e Porto (16%), seguidos por Setúbal, Braga e Aveiro. Juntos, estes distritos representam 58% da população sénior em Portugal. No entanto, o Porto destaca-se pela insuficiência de ERPI face à elevada quantidade de residentes idosos, estimada em 409 mil pessoas.

Déficit de camas é maior no Porto

Com pouco mais de 2.500 ERPI em todo o país, a oferta é limitada. Lisboa lidera com 24% das instituições e o Porto conta com 15%. Contudo, o desequilíbrio no Porto é alarmante: existem apenas 8.946 camas disponíveis para uma população idosa vasta, o que resulta numa média de 46 seniores para cada cama.

«A situação vivida no Distrito do Porto é a mais problemática a nível nacional, demonstrando um claro desencontro entre aquela que é a população mais idosa e a oferta de camas em instituições, públicas ou privadas, que têm a importante função de acolher estes seniores», salienta Nuno Saraiva de Ponte. «É preciso mais investimento na oferta de residências senior neste Distrito, mas também noutros onde já existe um elevado número de ERPI, mas em que a proporção de população idosa é elevada e está a aumentar rapidamente», acrescenta o CEO da Via Senior.

Pressão na procura reflete-se nos custos

A procura superior à oferta tem causado uma ocupação quase total nas ERPI. De acordo com o 2.º Retrato das Residências Sénior em Portugal, conduzido pela Via Senior e BA&N Research Unit, 62,3% das residências revelam uma ocupação de 100%, enquanto 32,1% registam taxas entre 91% e 99%. Este cenário de escassez reflete-se nos custos, que aumentaram em média 5% face ao ano anterior.

As mensalidades em quartos duplos, que são a tipologia mais comum nas ERPI, variam entre 1.250 e 1.500 euros. Em cerca de 20,8% das camas, os custos ultrapassam os 1.500 euros, com algumas instituições a cobrar até 2.000 euros por mês.

Este desequilíbrio entre a localização da população idosa e a oferta de camas nas áreas residenciais exige soluções urgentes. Enquanto o setor público e privado não aumentam o investimento necessário, a ocupação nas residências continua a superar os 90%, tornando a disponibilidade de uma vaga quase uma miragem.