Em 2021, a imobiliária Porta da Frente Christie’s registou uma faturação de 338 milhões de euros, mais 46% que em 2020, o seu melhor resultado de sempre em Portugal.
Durante a apresentação online do seu “Report Review 2021 e perspetivas para a economia e imobiliário no ano de 2022”, Rafael Ascenso, diretor geral da Porta da Frente Christie’s, divulgou que «o mercado mantém-se estável há vários anos, o imobiliário vai em contraciclo com os mercados financeiros ou com os depósitos bancários. Os clientes procuram a valorização do imóvel e acreditaram ainda mais no setor».
Em 2021, a Porta da Frente Christie’s vendeu a 37 nacionalidades diferentes. 39% dos compradores foram portugueses, 23% brasileiros e 7% norte-americanos, estes últimos a grande surpresa do ano. Rafael Ascenso garante que «se tivéssemos em conta o país de origem e não só a nacionalidade, esta percentagem seria ainda maior».
Em Portugal, os estrangeiros continuam a procurar tranquilidade, sol, gastronomia, saúde e qualidade de vida.
Os resultados da empresa foram em 2021 impulsionados pelo lançamento de uma nova plataforma, mas Rafael Ascenso destaca «um mercado com grande dinamismo e grande solidez, que mostrou estar à altura destes tempos conturbados».
Nos últimos 5 anos, o volume de negócios da Porta da Frente Christie’s já soma os 1.420 milhões de euros. Este ano, a empresa prepara-se para regressar ao ritmo normal de eventos de promoção do país no estrangeiro, em países como o Brasil.
Arquitetura ampla e “walkability” são impulsionadas com a pandemia
Rafael Ascenso identifica que a pandemia trouxe algumas alterações à procura, com os clientes mais sensíveis para as dimensões dos espaços e para algumas alterações de arquitetura, como a eliminação de corredores ou halls, privilegiando espaço exterior.
«Os clientes procuraram um upgrade e mais espaços exteriores, mas também uma segunda casa», de que são exemplo negócios em zonas como a Malveira da Serra, Azóia, Praia Grande, ou Praia das Maçãs.
Por outro lado, a chamada “walkability”, ou a possibilidade de fazer a vida a pé no bairro onde se vive, é cada vez mais tida em conta na hora de comprar casa em Portugal. «As pessoas que escolhem Portugal para viver não querem ter carro», garante. «Houve uma mudança de procura de zonas, as pessoas começaram a procurar mais bairros com todo o tipo de comodidades».
Luís Leon, co-fundador da consultora parceira Ilya, criada em outubro de 2021, também participante nesta apresentação, identifica que «o trabalho remoto parece que veio para ficar. As pessoas podem viver em Portugal com salários de outros países, com um custo de vida mais baixo». E Rafael Ascenso dá o exemplo de «alguns grandes negócios que temos na calha, de pessoas da área de tecnologia que têm agora essa hipótese de trabalhar remotamente».
2022 será “um ano de muito trabalho”
Rafael Ascenso acredita que este ano será «de muito trabalho, em linha com o ano de 2021».
O responsável considera que «só o imobiliário poderá combater o aumento da inflação. Mesmo que os juros dos depósitos subam, não vão acompanhar». Antecipa que «vai continuar o aumento dos custos das matérias-primas» mas que, mesmo com estas componentes, «vai ser um bom ano para o imobiliário em Portugal».
Entre as tendências do negócio este ano, espera-se que o imobiliário se mantenha como produto de investimento favorito, a procura por projetos com arquitetura inovadora e a vivência de bairro.
Novas regras dos Vistos Gold “não são boas”
Entraram em vigor em janeiro as novas regras de atribuição e concessão de Vistos Gold, que impedem, por exemplo, a obtenção de visto via aquisição de imobiliário nas áreas metropolitanas e zonas do litoral do país, com o objetivo de deslocalizar o investimento imobiliário para o interior.
Apesar de este mercado representar apenas cerca de 10% do negócio da Porta da Frente Christie’s, Rafael Ascenso considera que «as novas alterações não são boas. Não se percebe como se retira o incentivo ao investimento imobiliário, que tem um fator de multiplicação, ao passo que o mercado financeiro não tem qualquer repercussão na economia».
E remata que «a insegurança é o que mais afasta o investimento. Mas temos um mercado muito forte para aguentar estes “desvarios” constantes de quem nos governa».
Luís Leon acredita que «quem quiser continuar a comprar nos centros urbanos pode continuar a recorrer aos Vistos Gold, mas através do investimento no mercado de capitais, que substitui o investimento imobiliário. Poderá haver alguma deslocalização de investimento, e vários clientes já descobriram cidades lindíssimas como Évora. Vamos ver o que o mercado internacional nos diz», conclui.