Apesar do contexto de instabilidade dos mercados, as pequenas e médias empresas portuguesas (PME) mostram-se confiantes no seu crescimento nos próximos 3 anos, com mais de 50% dos gestores a prever um crescimento entre os 10% e os 30%.
Esta é uma das principais conclusões do primeiro Barómetro Heróis PME, lançado pela Yunit Consulting, especializada em investimento e capitalização de empresas, que inquiriu mais de 200 PMEs. Os resultados foram apresentados na última semana na sede da VICTORIA Seguros, em Lisboa.
De referir que 80% das empresas já responderam a este inquérito depois do início da guerra na Ucrânia, e 78% após 11 de março, o que «permite concluir que o sentimento de confiança partilhado pelos empresários já teve em conta o contexto atual económico e geopolítico. Este facto reforça a nossa visão sobre a grande resiliência que caracteriza as nossas pequenas e médias empresas».
Bernardo Maciel, CEO da Yunit, comenta que «é possível afirmar que as empresas estão dispostas a enfrentar os desafios que se avizinham para construir um futuro mais sustentável e digital e digital, que a maioria saiu fortalecida no pós-pandemia e que as perspetivas de crescimento para os próximos 3 anos são animadoras».
Completa que «é de salientar que saiu reforçado o sentimento e a necessidade de apostar no estabelecimento de parcerias de negócio, bem como de olhar de forma mais atenta para temas como a avaliação e gestão de risco ou plano de continuidade do negócio».
Tendência acelerada pela pandemia, a sustentabilidade ganhou importância para quase 70% das empresas inquiridas. Miguel Martins, da Grosvenor Investments, presente nesta apresentação, recordou que, na última crise de 2008, «a sustentabilidade deixou de ser uma prioridade», mas que vai ser diferente desta vez, já que 70% das empresas considera que é um tema com maior importância. «Há uma maior democratização da informação. Sabemos mais e tratamos a informação de forma diferente». E defende que «as externalidades devem ser incorporadas, e as novas métricas vão ajudar a criar modelos de negócio que respeitam e trazem valor a todos os stakeholders». Destacou ainda a importância de «reinventar» a liderança, tendo nas alterações climáticas o expoente máximo da “má gestão”.
Segundo a Yunit, a avaliação de risco subiu 26,8% face ao período pré-pandemia. Carlos Suárez, administrador da VICTORIA Seguros, lembra que «não temos tempo nas empresas nem para os termos mais “sexy”, como a sustentabilidade ou a tecnologia, quanto mais para os riscos». Mas alerta que as empresas devem refletir sobre o que seria uma disrupção no seu negócio, e aconselha: «avaliem os possíveis impactos dessa disrupção no vosso negócio».
Segundo a Yunit, a transformação digital também ganhou preponderância neste contexto, com 50,7% dos gestores a afirmar que a pandemia acelerou a digitalização da sua empresa. 62,7% reconhece que uma estratégia de transformação digital tem influência na vantagem competitiva da sua empresa.
Luís Teodoro, administrador da Softfinança, destacou na apresentação destes dados que «já passamos a fase da transição digital, grande parte das PMEs são novas, e este discurso institucional coloca o processo em causa. Estamos muito melhor do que julgamos pelo discurso político».
Outro dos pontos de destaque neste relatório é o facto de 95,8% dos gestores salientarem a capacidade de adaptação e empenho dos colaboradores como um dos principais fatores que contribuíram para enfrentar os desafios de mercado atuais. Quase 70% considera que a sua empresa saiu fortalecida da pandemia.
87% dos gestores manifestou interesse em incentivos financeiros, como o Portugal 2020/2030, ou o PRR, entre outros, bem acima do interesse de 64% no financiamento bancário ou de 51% nos fundos de investimento.