Uma cidade de proximidade, com serviços, diversidade, transportes, é essencial para captar investimento e reter talento, acredita Carlos Moedas, que considera que «o papel do imobiliário é importantíssimo» neste sentido, para criar uma “cidade do futuro”. «Ninguém vem para Portugal se não encontrar essa cidade dos 15 minutos, agradável, onde consiga resolver os seus problemas».
O Presidente da Câmara Municipal de Lisboa falava durante a Convenção Ibérica da Century 21 “One 21 Experience”, na última sexta-feira, dia 4 de fevereiro, na Altice Arena, num painel dedicado às Cidades do Futuro, onde destacou o papel do mercado imobiliário na atração de investimento.
O autarca destacou que, neste sentido, são necessários «melhores serviços de urbanismo, para que quem investe aqui saiba que as coisas acontecem». Aponta que «o preço das casas aumentou muito porque o licenciamento parou. Precisamos de mais oferta, de escoar mais os processos. Quem tem um projeto na Câmara, tem de conseguir aceder online e ver em que fase está o seu projeto. E vamos trabalhar nisso», garante.
Por outro lado, ainda na área da habitação, Carlos Moedas avançou que em Lisboa há «muitas casas vazias (cerca de 2.000) que poderiam ser atribuídas aos mais desfavorecidos, e vamos trabalhar nisso. Se nos focarmos na habitação, tudo o resto vem por acrescento». Destaca que «o mais importante é criar uma malha social diversa, os bairros não podem ter só um tipo de classe social. Isto é um trabalho do público com o privado. A cidade tem de ser essa união». E afirma que a segurança «é o maior ativo da cidade de Lisboa».
A CML tem em curso um empréstimo do Banco Europeu de Investimento para reabilitar energeticamente as habitações em Lisboa, fundos aos quais se somam os do Programa de Recuperação e Resiliência, mas o edil considera que «temos de ir mais longe na eficiência energética e no tratamento de águas, de uso da água residual para rega, por exemplo. Em Lisboa, se fossemos à água residual e conseguíssemos regar todos os jardins, já teríamos uma cidade mais verde, e é uma medida muito simples». Outro exemplo que deixa é a conversão de toda a iluminação urbana para LED, que permite uma poupança de 80% de energia. «São opções muito concretas, que têm de ir para as pessoas».
De acordo com Carlos Moedas, «quanto mais o mundo se digitaliza, mais importante é a parte física, e vimos isso durante a pandemia. Na cidade do futuro vemos essa fusão e convergência entre o mundo físico e o digital. Temos de saber fazer a ligação entre os dois». Até porque «há uma parte que nunca pode ser feita online, nomeadamente o contacto físico e a transmissão de conhecimento. A cidade do futuro estará entre esses dois pontos».
Destaca também que «a grande mudança no imobiliário será que valor pode ser acrescentado. Encontrar casa será fácil, mas trazer soluções para a vida e para a felicidade será o mais importante, e esse é o maior desafio das nossas profissões. Quase tudo pode ser digitalizado, mas não o que é mais importante nas nossas vidas».
Carlos Moedas acredita que, numa altura em que as decisões políticas macro são europeias, e em que «o poder central está, de certa forma, mais fraco, a forma de implementar essas decisões é precisamente ao nível das cidades, são elas que executam essas políticas. O poder autárquico pode, realmente, mudar as coisas».
Veja aqui a entrevista com Clara de Sousa: