Nova direção da APEMIP quer representar os agentes imobiliários

Toma posse esta semana a nova direção da APEMIP, eleita no final do ano para o triénio 2023/2025, e que terá como um dos seus principais objetivos representar os agentes imobiliários portugueses. Porque «quanto mais expressiva for a representatividade da associação, maior será a sua capacidade de intervir».Paulo Caiado, Presidente da APEMIP, afirma em entrevista à Vida Imobiliária que a APEMIP tem «a grande ambição» de incorporar «também os agentes imobiliários naquilo que é a sua legitima representatividade». Considera que este é um segmento de atividade da mediação em forte crescimento, e que «os desafios das empresas de mediação e dos agentes imobiliários não têm diferenças de maior. Se formos analisar, muitos destes profissionais são empresários em nome individual».A APEMIP vai manter-se uma associação de cariz empresarial, e está agora a estudar a melhor forma de integrar estes agentes como seus associados. O trabalho, que vai passar pela alteração de estatutos, já teve início no ano passado, e Paulo Caiado explica que a ideia é «encontrar um modelo que permita privilegiar os associados empresariais da associação e simultaneamente termos a capacidade de integrar esses novos associados». Paulo Caiado está convicto de que todo o setor beneficiaria de uma «representação única, sendo esta a forma de termos uma adequada expressão do que é o impacto e importância do setor imobiliário».Prioridade à formação, sem esperar pela nova legislaçãoEntre as principais prioridades para o mandato estão também luta pela qualificação, dignificação e profissionalização da mediação imobiliária em Portugal. Fazem parte do programa eleitoral a criação de um Conselho Estratégico Internacional, órgão consultivo cujo objetivo será a procura global de tendências, de práticas, de modelos relevantes ao progresso dos associados e do setor.Por outro lado, e aguardando avanços no que toca à nova lei da atividade de mediação imobiliária, anunciada no ano passado, com base numa proposta produzida pelo IMPIC, Paulo Caiado garante que a APEMIP mantém o seu trabalho para a maior profissionalização e qualificação da atividade, e que «não vamos ficar imobilizados à espera desta tão aguardada legislação».Por isso mesmo, a APEMIP tem o seu próprio plano de formação alargado, que será cada vez mais «acompanhado de símbolos, como selos de garantia, certificados, entre outros, que possam dar a conhecer aos clientes e às equipas das mediadoras, que estão a apostar nessa formação, e que isso possa ser um fator competitivo e diferenciador importante».No âmbito da nova lei, Paulo Caiado acredita que «é essencial que o acesso a atividade seja livre, mas que deverão existir exigências formativas quer para esse acesso quer para a continuidade na profissão. Não se trata de limitar ou impedir acesso à profissão. Qualquer empresa ou profissional deve poder aceder. Contudo, é preciso assegurar que todos os que se encontram nesta atividade têm uma base mínima de preparação que confere segurança e tranquilidade a todos os cidadãos que recorrem a um agente ou mediador imobiliário».Casa Yes será relançadoUma das primeiras medidas do novo mandato, a executar no curto-prazo, será o relançamento do portal CasaYes, que se quer afirmar como “a” plataforma do setor da mediação em Portugal, enquanto palco privilegiado de apresentação da oferta imobiliária. A ideia é reduzir a dependência de algumas plataformas de disponibilização de oferta e «agilizar a partilha de negócios entre os diferentes operadores e empresas», segundo Paulo Caiado: «temos a possibilidade de ter autonomia e não estarmos dependentes de estratégias externas», explica.Em 2023, espera-se continuidade de vendas e preçosPara o ano que agora começa, Paulo Caiado prevê a continuidade da boa dinâmica de vendas e comportamento idêntico dos preços, com maior estabilidade nos grandes centros urbanos e maior valorização nas periferias.O responsável espera que se sustentem os níveis de atividade nos grandes centros urbanos, apesar das alterações conjunturais, já que muitas transações têm motivações sociais, decorrentes de alterações na vida das pessoas, sejam um casamento, uma separação, um nascimento, uma morte, o sucesso ou insucesso profissional. O que «garante um fluxo constante de procura para a habitação, que não deverá sofrer alterações abruptas com a conjuntura. Pode ser influenciado em termos de ritmo, mas não perde a dinâmica». Em paralelo, a maior parte das vendas de habitação geram outras compras de seguida, pelo que «o proveito dessa venda é uma das grandes alavancas para a compra da nova casa».Ainda assim, verifica-se em paralelo um fenómeno de «descentralização das populações» que será mais expressivo. Explica que «nos grandes centros urbanos podemos assistir a uma tendência de estabilização ou níveis de crescimento mais incipientes do que antes». Por outro lado, «os concelhos até agora sem grande pressão de absorção, estão com forte aumento de procura por estarem relativamente próximos dos centros urbanos, mas disponibilizando soluções habitacionais mais acessíveis». É nestes concelhos que os preços deverão continuar a crescer, refletindo «o forte incremento da procura em mercados com casas mais baratas. Isto é algo que já aconteceu em 2022 e que deverá voltar a verificar-se em 2023».E não deixa de realçar o papel do Estado na garantia do direito à habitação: «É importante quando se fala no direito à habitação relembrar que o Estado tem a responsabilidade de criar uma adequada rede de transportes», o que pode ser um contributo fundamental e indispensável para que as pessoas possam aceder a imóveis a preços mais acessíveis, nomeadamente em zonas mais afastadas dos centros urbanos.No aumento da oferta, e porque a reposição imobiliária pode ser lenta, o Estado tem também um papel: «numa altura em que temos inflação e em que os juros sobem, em que os materiais de construção são mais caros, e em que há uma oferta escassa no mercado, é urgente que o Estado consiga agilizar todo o qualquer processo cujo objetivo é a edificação de habitação. O próprio Estado não pode ser um entrave ao processo, um catalisador de lentidão, porque a cada ano que passa estas casas vão ficar mais caras».E no que toca ao arrendamento, considera que são necessárias condições para a colocação de oferta no mercado quer por parte de proprietários quer de investidores para novas construções destinadas a arrendar, o que deverá passar pela estabilidade fiscal e legislativa. «Todos os anos são feitas alterações à lei do arrendamento ou a questões de teor fiscal ligadas ao arrendamento. Isso afasta-se da estabilidade que os investidores procuram e que permitiria colocar mais casas no mercado», advoga Paulo Caiado. Para os proprietários, «é importante dar contrapartidas mais expressivas, para que queiram colocar produto para arrendamento com rendas mais acessíveis».A nova direção APEMIP para o triénio 2023/2025Paulo Caiado, do Siimgroup, foi reeleito Presidente da direção da APEMIP no âmbito das eleições da associação para os corpos sociais do triénio 2023-2025, no final de novembro. A direção executiva integra ainda como vice-presidentes Reinaldo Teixeira, da Garvetur, Patrícia Barão, da JLL, Domingos Silva, da Predial Parque, Ana Paula Marques, da Goldentree, e José Paraíso, da Exitcasa, sendo Teresa Fernandes, da Europredial, vogal.Por ocasião do ato eleitoral que marcou o início deste mandato, Paulo Caiado afirmou que este quadro diretivo tem como grande objetivo «ter a generalidade dos Associados interessados nos destinos da sua Associação. Este é o principal desafio da APEMIP, para os próximos 3 anos. Só superável com uma associação próxima e capaz de fazer com que todos se sintam bem representados».Veja a entrevista completa aqui:

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