“Resiliência” é a palavra que marca o mercado imobiliário do Porto, neste primeiro trimestre do ano. De acordo com a última edição do “Porto Market Update”, publicado pela Cushman & Wakefield, nos primeiros três meses do ano, o mercado imobiliário na Invicta evidenciou resiliência em diversos setores.
«Durante o período temporal analisado foram atingidos alguns máximos históricos, demonstrando a maior atratividade da região, inclusive entre empresas internacionais. Este maior dinamismo continua a ser parcialmente condicionado pela escassez de oferta de produto de qualidade adequado aos atuais critérios da procura, a qual deverá ser gradualmente colmatada, à medida que novos projetos entram no mercado», assinala Andreia Almeida, Associate e diretora de Research & Insight da Cushman & Wakefield.
Escritórios
A procura no Grande Porto tem recuperado gradualmente, tendo em 2022 sido transacionados 58.500 m², um aumento de 3% face ao ano anterior. Os primeiros três meses do ano evidenciam um acelerar desta tendência, com um crescimento homólogo de 22%, indica a última edição do “Porto Market Update”.
A procura de espaços de qualidade continua a suportar o aumento da oferta projetada para os próximos 3 anos, atualmente nos 131.200 m². Entre estes, 97.100 m² estão em construção e com 40% da ocupação já assegurada, destacando-se o segundo edifício do projeto ICON Offices da Civilria, a componente de escritórios da reconversão do antigo Matadouro de Campanhã, e a futura sede da Liga Portugal no Porto.
Retalho
A procura de retalho agregada pela Cushman & Wakefield evidencia uma recuperação na Área Metropolitana do Porto desde a pandemia. No primeiro trimestre de 2023, registou-se um abrandamento deste crescimento, para 6% em termos homólogos, com 35 operações.
O comércio de rua manteve a primazia, com a Baixa a concentrar 23% da nova oferta nos últimos 15 meses, zona esta que tem registado algumas obras de reabilitação relevantes, como o renovado Mercado do Bolhão e o projeto Bonjardim. Já o setor de restauração continuou a dominar, representando cerca de metade do número de transações, aponta a Cushman & Wakefield.
Industrial & Logística
A atividade ocupacional de Industrial & logística no Grande Porto abrandou em 32% em 2022, tendo sido transacionados 106.200 m². No primeiro trimestre de 2023 o volume registado situa-se já 2% acima do primeiro semestre do ano anterior. Considerando a oferta existente, os valores de arrendamento de espaços de logística registaram um aumento transversal em 2022, estabilizando no primeiro trimestre de 2023.
Entre a principal oferta futura para os próximos 3 anos, a C&W destaca o novo domínio da Zona Industrial da Ermida, onde se encontra em desenvolvimento a nova fábrica da multinacional WEG (22.680 m²), e o Aldi, que irá instalar a sua nova plataforma logística (40.000 m²). Adicionalmente, a Medway encontra-se a desenvolver o futuro Terminal de Lousado (Vila Nova de Famalicão), que irá totalizar 220.000 m².
A estes, juntar-se-ão outros projetos cuja construção iniciará brevemente, nomeadamente o Panattoni Park (Valongo), o Valongo Business Park e o Gaia Park, aponta a consultora.
Hotelaria
A cidade do Porto registou uma recuperação da atividade ao longo de 2022, inclusive com o número de dormidas em alojamentos turísticos que duplicou, para valores acima de 2019. O primeiros três meses de 2023 indiciam uma manutenção desta tendência, com crescimentos homólogos relevantes, nomeadamente 63% nas dormidas, 65% no RevPAR e 17 pontos percentuais na taxa de ocupação, indica a consultora no último “Porto Market Update”.
A cidade conta atualmente com perto de 140 estabelecimentos hoteleiros, num total de 9.600 quartos; com metade dos quais em projetos de 4 estrelas, seguidos dos 5 estrelas com 22%, evidenciando o maior investimento em projetos de categoria superior ao longo dos últimos anos. A oferta futura estimada para os próximos 3 anos totaliza 5 novos hotéis com 460 quartos, metade dos quais em estabelecimentos de 5 estrelas.
Investimento
O investimento imobiliário institucional, na Área Metropolitana do Porto, encontra-se atualmente a percorrer uma trajetória de consolidação, aponta a C&W: desde 2022 foram transacionados 267 milhões euros em imobiliário comercial, dos quais somente 1 milhão de euros entre janeiro e março de 2023.
Comparativamente com a tendência verificada em Portugal, o mercado é caracterizado por um maior peso dos investidores nacionais, os quais desde o ano passado agregaram 38% do volume investido. Por influência de diversas transações de dimensão relevante na área da hotelaria, este setor liderou a procura, representando 61% do total investido, seguindo-se o setor do retalho, que atraiu 18% do volume transacionado.
Residencial
Segundo os dados do SIR da Confidencial Imobiliário, ao longo dos últimos 12 meses, verificou-se um abrandamento dos valores de venda de apartamentos no concelho do Porto. Em termos homólogos, os indicadores de oferta registaram por um lado um ligeiro incremento de 3% no preço médio pedido, e por outro uma quebra na mesma ordem no volume de imóveis para venda.
Relativamente à procura, o número de fogos vendidos refletiu uma quebra acentuada de 18%, com os valores transacionais a estabilizarem nos €2.870/m². No mercado de arrendamento, a escassez de oferta disponível no mercado acentuou-se no último ano, com uma quebra do número de fogos em oferta de 36%. Neste contexto, o número de apartamentos arrendados nos últimos 12 meses reduziu igualmente (-20%), com a renda média contratada no concelho do Porto a aumentar na mesma ordem de valores, para os €13,3/m².