Quem o diz é a CBRE, na sua apresentação anual de resultados e perspetivas para 2017, segundo a qual, este ano, «em resultado da manutenção das taxas de juro a níveis historicamente baixos, vai continuar a existir uma forte procura de imóveis de rendimento e imóveis para reabilitação». Por outro lado, «os investidores estão conscientes que têm de assumir mais risco para obter rentabilidades mais elevadas», incluindo os investidores core. A consultora acredita que este fator, «conjugado com a escassez de oferta de escritórios de qualidade, irá ter como consequência a retoma da promoção imobiliária e a consequente venda de terrenos para construção de escritórios, habitação e logística», pois «a reabilitação não é infinita», notou o diretor geral da CBRE em Portugal, Francisco Horta e Costa.
Este responsável destacou que «vai continuar a haver muita procura para rendimento e reabilitação urbana, haja produto. E as rentabilidades vão continuar a subir este ano», num cenário em que «continua a haver muito dinheiro para investir em imobiliário». Por outro lado, a procura de escritórios por parte de empresas de nearshore «vai implicar a expansão do mercado de escritórios para outras cidades como Porto e Braga».
A consultora destaca também, enquanto tendência para este ano, o facto de que os bancos recapitalizados, com novos acionistas e nível significativo e imparidades registadas, deverão acelerar a venda de ativos, «o que terá um impacto positivo na dinâmica de mercado» este ano.
Novas cadeias hoteleiras entram em Portugal
Lisboa, Porto e Algarve serão as zonas turísticas mais dinâmicas no mercado este ano. Com a procura a superar a oferta, «muitas marcas têm interesse em vir para Portugal» como até então não tinham tido, notou Eduardo Abreu, partner da Neoturis (participada da CBRE). Este especialista destacou que a cadeia hoteleira do Qatar W é um dos exemplos, mas também a Hilton tem interesse no nosso país, sendo apenas dois exemplos.
Por outro lado, «vão sair do papel alguns projetos parados desde 2009», avançando «em fases mais pequenas».
Contudo, a habitação compete com a hotelaria, principalmente em Lisboa, em termos de valor e de retorno do investimento, o que terá levado a que alguns ativos acabem por ser colocados neste mercado e não sejam transformados em hotéis: «a alternativa do proprietário para habitação baralha as contas», explica Eduardo Abreu, até porque «um hotel demora uma média de 12 anos para dar lucro», ao passo que algumas unidades residenciais podem já dar rendimento no início ou mesmo antes do projeto, além de este ser superior ao da hotelaria.
Consultora regista melhores resultados de sempre em Portugal
2015 tinha já sido um recorde na atividade da CBRE em Portugal, mas este ano a consultora continuou a crescer, registando o seu melhor ano de sempre desde que está presente no nosso país. Sem revelar valores de faturação, avançou que o crescimento foi superior a 25% face ao ano anterior.
Agora, a CBRE arranca 2017 com um conjunto de processos em fase avançada de negociação q concluir no 1º trimestre do ano, com um valor de perto de 450 milhões de euros. Dará também início a várias instruções de comercialização de imóveis com um valor potencial de cerca de 300 milhões de euros, e espera que «2017 seja muitíssimo razoável», completa Francisco Horta e Costa.
Alguns dos projetos nos quais a consultora está envolvida atualmente incluem os edifícios da antiga sede da EDP, na Praça do Marquês de Pombal, sendo que os edifícios 12 e 13 desta praça «já estão ocupados», nomeadamente por uma sociedade de advogados e por uma instituição financeira. «Estamos a trabalhar já na gestão de projeto».
Nos projetos em pipeline inclui-se também a comercialização do portfólio de ativos da seguradora Tranquilidade, num total de 86 imóveis espalhados por várias zonas do país, «muito diversificado», 60% dos quais na zona de Lisboa.
De salientar o crescimento superior a 100% nas áreas não transacionais, como a Gestão de Ativos Imobiliários e Arquitetura e Gestão de Projeto, ou a área de Avaliações, que levou à integração de 26 novos colaboradores.
Em 2016, os departamentos de Investimento e Promoção/Reabilitação assessoraram 34 transações com um total de 260.000m², e de valor superior a 550 milhões de euros, envolvendo 8 edifícios de escritórios, 3 hotéis, 5 ativos logísticos, 17 edifícios para reabilitação e 1 terreno.