O investimento no mercado europeu de Care Home tem vindo a aumentar, de forma constante, no decorrer da última década: em 2021 foi atingido um valor recorde de 5,7 mil milhões de euros, em comparação com a média de 2,4 mil milhões de euros por ano durante a última década, revela a mais recente investigação do Reino Unido e o relatório European Care Home, produzido pela Savills.
O capital transfronteiriço tem «dominado o setor, uma vez que os investidores procuram diversificar as suas carteiras e beneficiar de um forte potencial de yields - com yields médias de 4,43% no segundo trimestre deste ano - com yields médias de 4,43% no segundo trimestre deste ano», refere a consultora imobiliária internacional.
Em Portugal, o grupo demográfico sénior é de facto um dos mercados em maior crescimento e com maior potencial de diversificação de produtos direcionados às suas necessidades. Players internacionais reconhecem «potencial de desenvolvimento» em Portugal no que diz respeito ao mercado de residências Séniores.
Para Alexandra Portugal gomes, Head of Research & Communications da Savills Portugal, «em Portugal, como à semelhança de outras culturas europeias, a família tem desempenhado um papel central no cuidado dos seniores, com uma larga percentagem dos cuidados a serem prestados pelo núcleo familiar. Mas esta realidade, está a mudar rapidamente por força das alterações nos agregados familiares e é necessário que exista oferta capaz de absorver a elevada procura que este segmento regista».
O relatório da Savills demonstra que a Alemanha é o mercado que regista maior liquidez na Europa, com mais de 5 mil milhões de euros transacionados desde 2020. Em segundo lugar, situa-se o Reino Unido, representando 2,2 mil milhões de euros, com França e Itália em terceiro lugar, com 750 milhões de euros, respetivamente.
De acordo com Caryn Donahue, Head of Senior Housing Transactions, Savills Operational Capital Markets, sublinha que «as instituições de prestação de cuidados provaram ser uma classe de ativos contra cíclica, com um forte desempenho em períodos de crise económica. Sustentado por fundamentos de oferta e procura convincentes e por uma população envelhecida, o setor europeu de Care Home tem, no entanto, muitas nuances e um claro entendimento da regulamentação, gastos e abordagem cultural de cada mercado, o que se torna fundamental para os investidores que procuram aceder e alcançar sucesso neste segmento».
Marcus Roberts, Head of Europe, Savills Operational Capital Markets, indica que «nos países do Sul da Europa como Espanha e Itália, temos assistido a cenários mais tradicionais onde os membros da família apresentam maior disponibilidade para cuidar de familiares idosos ao invés de os colocar em instituições. Como resultado, estes mercados de lares de idosos são mais pequenos em relação à dimensão das suas populações. Contudo, esta diferença cultural parece agora estar a mudar, com famílias mais pequenas e menos pessoas por agregado familiar. Esperamos que isto crie oportunidades de investimento, à medida que estes mercados aumentam a sua dimensão».
Espanha e Países Baixos são os dois países que mais vão verificar um crescimento substancial das suas populações com mais de 65 anos durante os próximos 10 anos, com um aumento esperado de 25%, respetivamente, revela a Savills. A maior taxa de dependência da terceira idade verifica-se na Alemanha, com 35%, sendo esperado um aumento para 45% até 2032.
A Savills constata também que, em termos de desenvolvimento e disponibilidade de novo stock no segmento de Care Home, tem se «registado sucesso em toda a Europa, resultando desta forma em oportunidades para promotores e investidores. Os Países Baixos e a Bélgica possuem o maior stock proporcional ao número de pessoas com mais de 65 anos, com o rácio a permanecer bastante estático entre 2010 e 2020, de acordo com dados da OCDE».
Marcus Roberts acrescenta ainda que «o envelhecimento da população em toda a Europa, combinado com a escassez de camas, está sem dúvida a criar oportunidades de desenvolvimento e investimento. Contudo, para investir com sucesso nestes mercados, é vital compreender as diferentes complexidades nacionais e regionais em torno da regulamentação, financiamento e cultura».